A relação é simples, porém assustadora. Quanto mais usamos combustíveis fósseis para suprir nossa demanda por energia, mais gases de efeito estufa despejamos na atmosfera, consequentemente, mais elevadas as temperaturas e, por tabela, maior o derretimento dos mantos de gelo do Planeta.
Eis que os cientistas resolveram aplicar uma variável radical a essa equação - o que pode acontecer se queimarmos todas as reservas provadas de petróleo, gás e carvão do mundo? Resposta: seria suficiente para desfazer toda a cobertura de gelo da Antártica, a maior reserva de água doce congelada da Terra.
Tal fenômeno causaria uma elevação brutal de até 60 metros no nível do mar nos próximos 10.000 anos. É bom que os humanos do futuro (se é que estaremos aqui) saibam nadar, porque muitas partes do mundo vão afundar se mantivermos o padrão atual de produção de energia.
A pesquisa, publicada esta semana no periódico científico Science Advances, é a primeira a modelar os efeitos da queima desenfreada de combustíveis fósseis sobre a totalidade do manto de gelo da Antártida.
"Essa transformação não acontece do dia para a noite, mas o que precisamos compreender é que nossas ações de hoje estão mudando a face do planeta Terra, e continuará a fazê-lo por dezenas de milhares de anos. Se queremos evitar que a Antártica perca todo seu gelo, precisamos manter o carvão, gás e petróleo no solo", declarou Ricarda Winkelmann, coautora do estudo.
Apesar do abismo temporal, a elevação do nível do mar já é uma ameaça direta às populações costeiras em todo o mundo, colocando em xeque a existência de micropaíses como as Maldivas e Kiribati. Pior, oito das 10 maiores cidades do mundo, entre elas Nova York e Tóquio, localizam-se próximo à costa.
O nível dos mares subiu em média quase oito centímetros no mundo todo desde 1992 por causa do aquecimento global, informou a NASA em pesquisa recente.
Parte do aumento deve-se ao derretimento das geleiras e outra parte é devido ao aumento da temperatura da água, que se expande quando fica mais quente.
"É muito provável que a situação piore no futuro", alertou o geofísico da Universidade do Colorado, Steve Nerem, durante a apresentação dos novos dados.
Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br
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