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domingo, 8 de março de 2015

O petróleo é nosso e o desemprego também

Começam a aumentar os rumores de que o governo federal pretende adiar para 2016 a realização da 13a rodada de licitações da ANP, com uma oferta possível de 300 blocos terrestres e marítimos. A decisão seria motivada pela crise que hoje enfrentam a Petrobras e todo o setor petróleo. A estatal já havia informado, antes da mudança de sua diretoria, que não pretendia participar da licitação.
Se for confirmada a decisão de o governo adiar a realização da concorrência, o segundo mandato do governo Dilma Rousseff comete um erro estratégico sem tamanho para o setor que representava – não sabemos até quanto será afetado – mais de 10% do PIB nacional. Agindo assim, o governo vai insistir na política setorial que contribuiu enormemente para colocar a indústria na situação que está hoje.
O setor petróleo, que tem a Petrobras como sua maior empresa, mas não a única,  caminha com grande dificuldade por conta da decisão do governo Lula, que tinha Dilma Rousseff no comando da Casa Civil, de deixar o país cinco anos sem leilões de petróleo. Hoje, com a Petrobras passando por uma crise política e financeira sem precedentes em toda a sua história, todos os seus fornecedores são igualmente penalizados apenas por não terem outros contratantes. A situação lembra hábitos seculares de civilizações hoje extintas, em que as viúvas eram obrigadas a "acompanhar" os maridos em sua viagem ao além.
Será possível que o Planalto não esteja enxergando as atividades de perfuração no país caírem aos níveis de 2005? Ou a atividade de aquisição de dados, tanto 3D quanto 2D, recuar para parâmetros de dez anos atrás? Toda essa indústria oferta empregos. Na verdade, hoje, infelizmente, está se notabilizando pelo desemprego.
E não são apenas os fornecedores que sentem os efeitos da política governamental de deixar o país sem leilões. Sendo praticamente a única contratante, a Petrobras paga caro para garantir que o parque industrial brasileiro não pare. Em um momento em que precisaria enxugar seus investimentos, está completamente amarrada e comprometida. Um simples espirro seu e a indústria toda adoece. As crises na construção dos FPSOs replicantes, da cessão onerosa e das sondas da Sete Brasil são apenas alguns exemplos.
Caíram todos os argumentos possíveis, se é que algum dia existiu um só argumento válido, para o governo continuar travando a reabertura do setor petróleo às demais petroleiras, sejam essas de capital nacional ou não. Com os leilões, regulares, é bom frisar, as petroleiras ganham escala e conseguem demandar bens e serviços à indústria. E esta consegue ter previsibilidade para investir em expansão, contratações e inovação. Somente dessa maneira conseguiremos reverter o quadro que hoje se nos apresenta, em que o petróleo é nosso e o desemprego também.
Fonte: http://geofisicabrasil.com

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