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terça-feira, 11 de agosto de 2015

Desaceleração na área de petróleo não ocorre só no Brasil

 O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, disse ontem que a desaceleração das atividades de petróleo e gás não é exclusivamente brasileira, mas atinge as grandes empresas que atuam no setor no mundo. Admitiu porém que um segundo impacto, característico da desaceleração no Brasil, é provocado pelas denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras.
Segundo ele, os trabalhos de combate às irregularidades afetam hoje diretamente os investimentos, mas vão garantir ganhos, em médio prazo, de eficiência, governança e transparência.
“O combate à corrupção traz benefícios para a empresa e para a sociedade. Com a Operação Lava Jato, da Polícia Federal há uma recuperação [de recursos desviados] estimada em R$ 570 milhões, outros R$ 296 milhões já foram devolvidos e a meta de recuperação é R$ 6,2 bilhões”, disse. “A empresa vai ter retomada de eficiência, mas agora tem impacto sobre o PIB [Produto Interno Bruto]”, acrescentou.
Ao falar com deputados da Comissão de Minas e Energia da Câmara sobre a crise da indústria naval no Brasil provocada pelas denúncias envolvendo a estatal, o ministro destacou que o setor já representou 13% das riquezas produzidas no país, mas hoje sofre com “a queda de investimentos da Petrobras e na construção civil”.
Mercadante reiterou que grandes empresas do mundo, como Shell e Technobil, passaram por cortes de investimento em torno de 30% nos últimos meses. Segundo ele, o primeiro problema surgiu com o colapso das commodities em agosto de 2014. “[Elas] desabaram de preço sem perspectiva de recuperação porque o Irã voltou ao mercado de petróleo [com projeção de oferta alta do produto] e isso impacta todas as empresas de petróleo do mundo e impacta a Petrobras”, explicou.
Deputados da comissão têm tentado ouvir dirigentes da estatal brasileira sobre o impacto das denúncias envolvendo a Petrobras. O deputado Rodrigo de Castro (PSDB-MG), presidente da comissão, reclamou que dirigentes da estatal nunca se dispuseram a comparecer nas audiências.
Aloizio Mercadante lembrou sua trajetória política – que inclui passagens por pastas como o Ministério da Educação, “sem qualquer familiariedade” com o setor da indústria naval – para explicar que teve de estudar o assunto nos últimos dias para responder a alertas como os feitos pelo Sindicato da Indústria Naval.
A entidade alertou que, só em janeiro, 3 mil postos de trabalho foram fechados. De acordo com a entidade, os cinco estaleiros que têm contratos com a Sete Brasil – empresa criada para gerenciar a construção das sondas a serem usadas pela estatal na exploração do pré-sal – estão em situação “crítica”.
O ministro explicou que a Sete Brasil é uma “peça” importante no desenho criado para a produção de sondas no país. A empresa venceu a licitação para construir 28 sondas, mas, segundo ele, com as denúncias e a crise do setor, a Sete Brasil teve dificuldade para viabilizar créditos para alavancar essa produção.
“As denúncias, com o impacto da Lava Jato, atrasaram a concessão de financiamentos de longo prazo e o repasse para os estaleiros”, lembrou o ministro. Segundo ele, a empresa está adotando uma estratégia de reestruturação e vai reduzir de 28 para 19 o número de sondas. “Vai ter que fortalecer os estaleiros mais adiantados e vai ter que ter recomposição de estrutura acionária”, disse.
Segundo Mercadante, apesar de todo o cenário, o setor de petróleo e gás no país é “promissor”. “Hoje temos 69 mil trabalhadores empregados pela indústria naval, nove estaleiros ativos e outros quatro em construção. Temos problemas sim, temos muitos, mas estamos bem melhor do que o momento em que não tínhamos nada”, disse.
Ele ainda destacou que mesmo sem obrigação regulatória, a Petrobras construiu diversas plataformas no Brasil, e o curso de engenharia nas universidades brasileiras está atualmente entre as principais demandas de estudantes em razão da evolução do setor. O ministro ainda citou outras medidas como o fortalecimento do Fundo de Marinha Mercante que tem um total de ativos de R$ 28 bilhões. “Temos ainda uma grande demanda potencial. De 12 plataformas para a área de Libras, há 12 para a área excedente da cessão onerosa, além de plataformas para Lula e Sapinhoá áreas do pré-sal”, exemplificou.
Fonte: http://geofisicabrasil.com

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