Os mais de 16 bilhões de barris de óleo equivalente (boe) de reservas provadas e as estimativas da UERJ de outros 176 bilhões de barris possíveis são motivo para que a atividade offshore permaneça intensa por décadas no país. A quantidade de navios sísmicos, unidades de perfuração e unidades de produção no mar brasileiro deve crescer, assim como o número de instalações subsea, poços, barcos, dutos, controles e equipamentos de todos os tipos.
Com a acumulação deste enorme acervo, aumentam, também, os riscos de anomalias por fadiga, corrosão, erosão, rupturas, inclusive por novas condições não previstas nos projetos originais. Como consequência, os potenciais de incidentes, acidentes, vazamentos, demandas por seguros, interrupções operacionais, prejuízos, também se ampliam.
As Operadoras mantém funcionando seus sistemas de controle com inspeções, manutenções preventivas, dentre outras ações no tema segurança operacional. Mas sabem que não é possível fazer tudo de tudo, olhar todos os detalhes desta enorme frota de equipamentos, sistemas, componentes. Diferentes fabricantes, distintas épocas de projeto e instalação, materiais e soluções que possivelmente hoje seriam diferentes.
O nivel de capacitação e o fator humano, somados à natural rotatividade por empregabilidade e aposentadoria, são elementos adicionais a considerar no potencial risco contínuo nas operações de todos estes conjuntos.
E como tratar algo tão complexo? Com estratégia e operacionalidade suficientes? Como reduzir as chances de que ocorram eventos não desejados, especialmente os de grandes consequências? Se tudo for feito com o máximo de cuidado e aplicação e algo errado ocorrer, faz parte da história do conhecimento. Mas se algo não desejado ocorrer porque não foram feitos os procedimentos adequados, as responsabilidades são naturalmente maiores.
Cinco direcionadores essenciais na gestão deste tema são a Contingência (Estar pronto, com sistemas alternativos, que devem ser utilizados em casos de interrupção dos sistemas principais); Redundância (Projetar e construir sistemas idênticos aos principais que entram em operação caso os principais se tornem indisponiveis, em componentes críticos em que tal requisito seja indispensável); Robustez (Acompanhar e atuar, se necessário, para manter as variações dos sistemas sob limites de controle da operação); Resiliência (Condicionar e exercitar a mobilização para recuperação da normalidade em casos de variações que extrapolem os limites de controle previstos); Plano Lognormal (Planejar e executar a segregação da carteira de sistemas em operação por importância relativa e capacidade de atuação, formando um plano de controle e auditoria que represente confiabilidade).
Em similaridade com os fenômenos da natureza, são poucos aqueles de grande magnitude. Já a maior quantidade é de menor impacto. Assim são as chuvas, tremores, ventos. Também, às descobertas de hidrocarbonetos, já que grandes reservas não são encontradas todos os dias. Enfim, grandes magnitudes estão relacionadas a poucos eventos, pequenas magnitudes tem alta frequência. Como mostra o gráfico Lognormal, a seguir:
Da mesma forma, alguns componentes e sistemas são mais críticos e sensíveis que outros. Este primeiro conjunto deve ser tratado individualmente, em todas as suas características, ou seja, um a um. Qualquer falha pode gerar resultados indesejáveis de grande magnitude. Requerem inspeções completas, periódicas, os sistemas de monitoramento e detecção cada vez mais sofisticados e convergentes. O outro conjunto, complementar ao primeiro, pode ser tratado por grupos, por características comuns, por amostras, enfim, com alguma forma de redução de esforço de controle com o mínimo de perdas, uma vez que tratar a totalidade seria significativamente custoso ou mesmo fisicamente impossível.
Os sistemas offshore, topside, subsea e poços, do ponto de vista da organização de sua integridade e operacionalidade segura, podem ser auditados por documentação, verificação visual, monitoração e por testes e simulações. São detalhes de uma área especializada e complexa, que trabalha com o pouco visível, o imponderável, riscos e impactos relacionados.
As agências reguladoras exercem um papel essencial nesta matéria, apesar de que a responsabilidade e a atuação de monitorar e controlar são atributos das operadoras. As agências auditam, verificam, avaliam se as operadoras estão procedendo de forma suficiente, de maneira preventiva. Um papel adicional das agências é o de articular contingências com entidades governamentais, como Marinha e outros, tratando a mobilização organizada para eventos de grande monta, com base na resiliência. Tem-se notícias que a ANP, em sua Superintendencia de Segurança Operacional de E&P, já vem implementando abordagens sistêmicas e estratégicas em suas monitorações de unidades flutuantes de perfuração e produção atuando no Brasil. Ainda a ampliar para subsea, poços, sistemas de apoio.
Enfim, a área de Segurança Operacional de uma empresa de petróleo é algo de tamanha importância que deve estar organizacionalmente vinculada ao Gestor maior da organização, pois os impactos das anomalias, quando ocorrem, podem ser de tal magnitude que influenciam a própria existência futura da corporação no mercado.
Fonte: http://geofisicabrasil.com
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