Publicidade

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Até as gigantes do petróleo podem ganhar com meta climática

Plataformas de petróleo
Na luta contra as mudanças climáticas, as gigantes do petróleo são consideradas grandes vilãs por suas elevadas emissões de carbono. Mas, acredite, até mesmo elas têm algo a ganhar unindo-se aos esforços de combate ao aquecimento global. E não é pouca coisa.
Segundo estudo divulgado pela influente instituição britânica Carbon Tracker, os ativos de produção das sete maiores empresas privadas de petróleo e gás do mundo — ExxonMobil, Shell, BP, Chevron, ConocoPhillips, Eni e Total — poderiam valer US$ 100 bilhões a mais se elas alinhassem seus planos de investimento com o objetivo de manter o aumento da temperatura média do planeta em até 2°C, meta acordada na reunião do clima COP21 em Paris em dezembro e assinada em abril deste ano. 
O estudo “Sense & Sensitivity: Maximising Value with a 2˚C" baseia-se em testes de estresses (avaliações para saber como um sistema se comporta sob pressão intensa) combinando cenários de baixa demanda de carbono, do preço do petróleo e da sensibilidade à taxa de desconto para quantificar como a redução da exposição ao alto custo dos projetos de alto carbono pode aumentar o valor do rendimento da produção.
A conclusão: seguir um modelo de crescimento baseado no ‘business as usual’, ou seja, sem levar em conta a descarbonização da economia, só faz sentido do ponto de vista financeiro se os preços do petróleo forem maiores que US$ 120 por barril durante um período de tempo significativo. E a chance disso ocorrer é bem pequena, segundo a pesquia. 
O relatório introduz o conceito de Prêmio sobre o Risco de Combustíveis Fósseis (FFRP) para as empresas que assumem que uma alta demanda futura vai levar à elevação do preço petróleo e que, por isso, correm o risco de sancionar projetos de maior risco e menor retorno. Este prêmio representa o maior risco associado a projetos de crescimento de alto custo, em comparação com uma carteira de mais baixo custo que iria satisfazer a demanda em um cenário de 2 °C, destaca o relatório. 
O relatório adverte que os projetos que dependem de preços altos para o petróleo são mais arriscados e que quando um "prêmio pelo risco dos combustíveis fósseis” é levado em conta, os preços teriam que alcançar níveis sem precedentes, na faixa de US$ 180 por barril — mais que o dobro que a previsão de longo prazo da OPEP, que é de US$ 80 por barril — para que um projeto ‘business as usual’ seja mais atraente.
Diante destas conclusões, a Carbon Tracker recomenda que as grandes petrolíferas façam previsões conservadoras sobre a demanda futura, lembrando que apenas uma pequena quantidade de excesso de oferta - cerca de 2% - levou à era atual de volatilidade dos preços e US$ 380 bilhões em despesas de capital canceladas ou adiadas pela indústria entre o final de 2014 e o final de 2015.
Bolha de carbono
Num estudo em 2013, o Carbon Tracker alertou que o mundo caminha para uma nova crise a medida que os mercados alocam mais e mais recursos financeiros no desenvolvimento de reservas de combustíveis fósseis que, por serem incompatíveis com a segurança climática, correm risco de não serem usadas.
De acordo com o instituto, a "bolha de carbono" é o resultado de um excesso de valorização pelos mercados globais das reservas de carvão, gás e petróleo detidas por empresas de combustíveis fósseis. No ritmo atual dos investimentos, a próxima década verá mais de US$ 6 trilhões sendo destinados à exploração de novas reservas de fontes emissoras intensivas de gases de efeito estufa.
O relatório destaca que pelo menos dois terços dessas reservas terão de permanecer intactas, ou seja, não poderão ser "queimadas",  se o mundo for seguir à risca as metas acordadas internacionalmente de limitar o aumento da temperatura média da Terra em até 2º, a fim de evitar efeitos perigosos das mudanças climáticas. 

Fonte: http://exame.abril.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário