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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Fatores que influenciam a decisão de profissionais de óleo e gás

Fatores que influenciam a decisão de profissionais de óleo e gás
Agência Petrobras Agência Petrobras
O salário é o fator mais importante no momento de se considerar uma nova posição para 95% dos profissionais de petróleo e gás no Brasil. O mesmo número de candidatos também julga a reputação da empresa como elemento crucial no processo de tomada de decisão para avaliar novas oportunidades de emprego, de acordo com o sexto Guia Salarial Anual de Óleo e Gás produzido por especialistas de recrutamento da Hays.

Para atrair os melhores talentos, 74% dos empregadores do Brasil sentiram que tinham de fazer melhorias nos benefícios dos seus funcionários no ano passado, incluindo treinamento e desenvolvimento, remuneração e recompensas. Como a reputação da empresa é um fator importante para quem procura uma nova oportunidade de trabalho, os empregadores cada vez mais tem que desenvolver uma proposta de valor agregado convincente para ser percebido como um empregador relevante. Com objetivo de contratar profissionais mais talentosos e hábeis, os empregadores devem apresentar seus programas de treinamento e desenvolvimento profissional para ajudar a promover a sua marca e se destacar na indústria.

O Guia, concluído em Novembro de 2014, registrou respostas de mais de 45 mil profissionais de petróleo e gás em 25 áreas em 188 países do mundo. Significativamente, 10 mil entrevistados globalmente eram empregadores ou gerentes de recursos humanos dentro da indústria. No entanto, devido ao momento do levantamento, a queda mundial do preço do petróleo não foi totalmente refletida no Guia. O efeito da queda de preços está sendo refletido em empresas de todas as regiões de petróleo e gás. Projetos foram adiados, pausados ou cancelados, levando as empresas a reavaliarem os planos de contratação e a expectativa é que essa tendência permaneça para este ano.

Resultados Brasil

As principais conclusões dos entrevistados no Brasil são as seguintes:

• No momento da pesquisa, 87% dos empregadores no Brasil estavam confiantes na indústria de petróleo e gás e 70% planejava aumentar o número de funcionários. Desde a queda dos preços do petróleo a partir do último trimestre de 2014 até 2015, a confiança da indústria tem sido abalada e a atividade empresarial tem sido impactada.

• 94% dos entrevistados no Brasil considerariam um movimento internacional para sua próxima posição.

• 84% dos entrevistados no Brasil recebem benefícios, o maior número no continente americano.

• Os benefícios mais comuns são

- Plano de Saúde – recebido por até 51% dos empregados – É o segundo maior percentual de empregados que recebem planos de saúde, depois de os EUA (53%).

- Bônus – 45%

- Subsídio de alimentação – 43%

- Plano de Aposentadoria – 39%

- Carro, transporte ou gasolina – 34%

• 8,3% são do sexo feminino

• 22% por cento são da Geração Y (nascidos entre 1983 e 1995).

• Um quarto (25,4%) trabalha com base num contrato.

• 70% dos empregadores pretendem aumentar o número de funcionários ao longo dos próximos 12 meses.

"A queda do preço do petróleo está impactando os planos de negócios. No entanto, o futuro no Brasil, um dos maiores produtores de petróleo do mundo, pode ainda ser considerado bastante animador. O Brasil domina o segmento de exploração submarina na América do Sul e é esperado um investimento de $ 90 bilhões em projetos nesse segmento até 2020", diz Gary Ward, diretor de Operações da Hays Oil & Gas no Brasil. "Apesar de poder ser alterada no 2º trimestre deste ano, a previsão inicial é que a produção duplique até 2023 com a visão de longo prazo ainda sendo positiva."

Conclusões Globais:

Escassez de competências foi novamente a maior preocupação dos empregadores (30%), embora a instabilidade econômica também foi citada (24%), refletindo o nervosismo que a indústria passava quando a pesquisa foi realizada. O planejamento de sucessão inadequado para a transferência de conhecimento e de retenção de habilidades foi citado por 29% como a causa fundamental da escassez de competências dentro da indústria. Enquanto potenciais demissões poderiam diminuir a escassez de competências localmente, ainda haverá escassez de talentos experientes dentro das seguintes áreas: exploração submarina, engenharia de petróleo e cada vez mais para área de gás natural liquefeito.

"Desde que os dados globais começaram a ser compilados, a indústria global tem passado por um momento sem precedentes. Projetos com economia atraentes tendem a continuar, mas novos projetos passarão por pesquisa minuciosa e, se deixarem de ser economicamente viáveis sob o novo regime do preço do petróleo, poderão ser adiados ou cancelados ", diz John Faraguna, Diretor-Gerente da Hays Oil & Gas. "No entanto, os gestores das equipes de operações do dia a dia continuam a exigir os recursos necessários para concluir os projetos no prazo e dentro do orçamento. No outro extremo, empresas menores estão respondendo às mudanças recentes, apostando na contratação provisória, passando de contratos plurianuais para atribuições especializadas de curto prazo".

Com os planos de contratação impactados, os empregadores estão enfrentando decisões difíceis: como reduzir os custos e ter as competências adequadas para entregar projetos. Além disso, uma diminuição na contratação pode agravar o déficit de competências e resultar em mais escassez de competências no futuro. A pesquisa deste ano revelou que 22,5% dos entrevistados em todo o mundo estão com 50 anos ou mais, o que significa que uma parcela significativa da força de trabalho qualificada irá se aposentar nos próximos 5 anos ou mais. Com a redução de contratação de trabalhadores da geração Y, devido às condições de mercado previstas, a indústria pode enfrentar um problema de déficit de competências, assim como o ocorreu no fim da década de 80.

Resultados Globais:
• As áreas disciplinares que presenciaram a maior elevação em todo o mundo foram tubulação (15,8%) e construção civil (12,1%), o que reflete a necessidade de candidatos qualificados
• Salários globais registraram um aumento de 1,3% sobre os salários no Guia do ano passado

• Para 95% dos profissionais de petróleo e gás, o salário é o fator mais importante na hora da decisão de ser ter uma nova função.

• A força de trabalho de petróleo e gás permanece globalmente móvel com 39% dos entrevistados trabalhando fora do seu país origem, e com 91% abertos a um movimento internacional para sua próxima função.

Baixe uma cópia do guia em www.oilandgasjobsearch.com/salary ou peça uma cópia emhttp://www.hays.com/oil-and-gas/SalaryGuide/index.htm
Fonte: http://www.tnpetroleo.com.br

O sopro da morte de um buraco negro

No coração da maioria das galáxias, reside um buraco negro gigantesco, com massa equivalente à de milhões de sóis. E agora um trabalho publicado na revista “Science” confirmou uma antiga suspeita dos astrônomos — quando esses objetos são suficientemente ativos, os ventos poderosíssimos emitidos a partir do centro galáctico são mesmo capazes de, com o tempo, dissipar todo o gás circundante. Isso, por sua vez, interrompe a produção de novas estrelas. Em outras palavras, a galáxia envelhece e, no fim das contas, morre.
Concepção artística dos ventos emanados do buraco negro no centro de uma galáxia (Crédito: Nasa)
Concepção artística dos ventos emanados do buraco negro no centro de uma galáxia (Crédito: Nasa)
Galáxias são como Hollywood: basicamente cidades habitadas por estrelas. Nós vivemos em uma que, além de abrigar o Sol e seus planetas (dentre eles a pequenina Terra), também serve de lar para outros 200 bilhões de estrelas distribuídos por seu bojo e seus longos braços espirais. Nós a chamamos de Via Láctea e a vemos no céu como uma faixa mais densa, uma vez que estamos observando-a do lado de dentro. Na direção da constelação de Sagitário, a cerca de 26 mil anos-luz de distância, fica o centro da galáxia, e lá reside um buraco negro imenso, com massa aproximada de 4 milhões de sóis.
Buracos negros são objetos previstos pela relatividade geral, e a ideia por trás deles é simples: qualquer massa comprimida num espaço suficientemente pequeno acabará por gerar um campo gravitacional tão intenso que nem a luz conseguiria escapar de sua superfície. De início, quando o físico alemão Karl Schwarzschild usou a teoria de Einstein para calcular o quanto era preciso esmagar a matéria para chegar a esse extremo, em 1915, as contas não passavam de uma curiosidade — ninguém imaginava que algum mecanismo existente na natureza fosse capaz de produzir tamanha compressão. Mas acontece que ele existe: quando uma estrela de alta massa esgota seu combustível e explode violentamente, seu núcleo é esmagado por seu próprio peso, e nada parece conter o colapso até as últimas consequências. Ao que tudo indica, o que resta do astro se torna um buraco negro.
Mas os objetos criados assim têm a massa comparável a de estrelas grandes, não de milhões de estrelas combinadas. Então, como nascem os buracos negros gigantescos, no centro das galáxias? Ninguém sabe ao certo. É possível que eles comecem como um buraco negro comum e vão engolindo mais matéria ao longo do tempo, até se tornarem gigantes. Alternativamente, eles podem ter nascido antes mesmo que as primeiras estrelas se formassem e, com isso, serviram como uma “âncora gravitacional” para as galáxias surgidas em torno deles. Há astrônomos que favorecem cada uma das hipóteses, e essa controvérsia ainda não está resolvida. Em compensação, todos concordam que todos os buracos negros supermassivos acabam crescendo com o tempo, e isso influencia seu comportamento.
VIZINHANÇA PACATA
Nossa galáxia está cheia de berçários estelares — nuvens de gás onde são gestadas novas estrelas –, e o nosso superburaco negro é relativamente bem comportado, discreto e difícil até de detectar.

Imagem do NuSTAR revela um raro aumento de brilho em Sagittarius A*, o buraco negro do centro da nossa galáxia (Crédito: Nasa)
Imagem do satélite NuSTAR revela um raro pico de brilho de raios X em Sagittarius A*, onde reside o superburaco negro do centro da nossa galáxia. Provavelmente ele estava fazendo um lanchinho nesta hora. (Crédito: Nasa)
Contudo, ao observarem as profundezas do espaço, os astrônomos encontraram algumas galáxias cujo buraco negro central emite doses brutais de radiação — são os quasares. O nome é esquisito, mas não se assuste: um quasar não passa de um buraco negro gigante que está ativo e visível. Só isso. Sua luminosidade é enorme, o que facilita sua descoberta, mesmo a distâncias de bilhões de anos-luz. E, ao que parece, esses núcleos ativos galácticos foram mais comuns no passado cósmico que no presente.
Você pode se perguntar como um buraco negro — objeto que, por definição, não permite que nada escape dele — emite copiosas doses de radiação e se torna luminoso. Afinal, ele não é negro? Sim, ele é. Mas seu entorno, quando cheio de matéria prestes a ser engolida, não é. Um buraco negro supermassivo é um que está no meio de uma suntuosa refeição. Essa matéria no entorno do buraco negro, prestes a cair, conforme é acelerada, emite luz, nas mais variadas frequências. E é essa luz que confere luminosidade ao objeto.
Também é essa radiação que literalmente sopra o gás circundante da galáxia que abriga o buraco negro, cortando efetivamente a produção de novas estrelas. É uma política radical, draconiana, implacável, de controle populacional de uma cidade galáctica — observada agora sendo implementada num quasar chamado PDS 456, a cerca de 2 bilhões de anos-luz de distância.
(ATUALIZAÇÃO, 14h27: Acabo de descobrir que o PDS 456 foi descoberto por um grupo brasileiro! PDS é sigla para Pico dos Dias Survey, e um dos autores da descoberta é o astrofísico Carlos Alberto Torres, que costuma comentar aqui no blog. “Fiquei bastante emocionado com a notícia! É como um filho da gente fazendo sucesso”, disse Beto, via Facebook na página doMensageiro Sideral!)
MEDIDAS PRECISAS
A equipe internacional encabeçada por Emanuele Nardini, da Universidade de Keele, no Reino Unido, usou os satélites NuSTAR (da Nasa) e XMM-Newton (da ESA) para observar o PDS 456 e pela primeira vez conseguir medir a velocidade, a forma e o tamanho desses ventos emanados de um centro galáctico. E é um negócio impressionante: basicamente um sopro esférico em todas as direções que carrega mais energia a cada segundo do que a emitida por mais de 1 trilhão de sóis combinados. O vento chega a atingir um terço da velocidade da luz. “Agora sabemos que os ventos do quasar contribuem significativamente para a perda de massa numa galáxia, eliminando seu suprimento de gás, que é o combustível para a formação estelar”, disse Nardini, em nota.

Note que o buraco negro supermassivo residente em PDS 456 é cerca de 250 vezes mais massivo que o da nossa Via Láctea, com 1 bilhão de massas solares. Ao que parece, conforme o buraco negro vai crescendo, e engolindo matéria, ele influencia a evolução da galáxia circundante, reduzindo sua produção de novas estrelas. Assim, o objeto central basicamente regula o destino das galáxias. Os pesquisadores acreditam ter flagrado PDS 456 num momento em que ele começou a promover o controle populacional estelar. É o começo do fim para aquela galáxia.
Quanto à nossa, folgue em saber que a morte dela ainda está muito distante. Nosso buraco negro supermassivo ainda é relativamente modesto e não parece estar com fome. Os astrônomos suspeitam que em alguns bilhões de anos, quando a Via Láctea se chocar com a galáxia de Andrômeda, a eventual colisão do superburaco negro de lá com o de cá pode criar um quasar capaz de impor a Lactômeda (a galáxia resultante dessa gloriosa fusão) o temido controle populacional.
Série de imagens mostra como seria a colisão de Andrômeda com a Via Láctea, vista da Terra. Claro, tome essa perspectiva com um grão de sal, porque a última imagem representa o estado da galáxia em 7 bilhões de anos -- quando a Terra provavelmente já não existirá. (Crédito: Nasa)
Série de imagens mostra como será a colisão de Andrômeda com a Via Láctea, vista da Terra. Claro, tome essa perspectiva com uma pitada de sal, porque a última imagem representa o estado da nossa galáxia daqui a 7 bilhões de anos — época em que a Terra muito possivelmente já não existirá e o Sol será apenas um cadáver estelar. (Crédito: Nasa)
O resultado será uma cidade cósmica onde só vivem estrelas velhas. É como se Hollywood se transformasse em Orlando. Mas, àquela altura, nem o Sol, nem a Terra deverão estar por aqui para contar a história.

Fonte: http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Governo dá primeiros sinais de preocupação com abastecimento de energia

Embora o governo não admita a necessidade de racionamento de energia enquanto espera o comportamento das chuvas até abril, medidas adotadas recentemente para economizar energia sinalizam preocupação com o risco de faltar eletricidade, num cenário similar ao ocorrido antes do racionamento de 2001.

A diferença principal, na avaliação de especialistas, é que o governo está demorando para iniciar uma ampla campanha de redução do consumo, o que deveria ter ocorrido já no ano passado.

O baixíssimo nível das represas em pleno período úmido é ainda pior que o registrado antes do racionamento de 2001. Por outro lado, naquela época não havia tantas termelétricas disponíveis para reforçar a geração de energia e o intercâmbio de eletricidade entre as regiões do país, por meio do sistema de transmissão, era menor.

Especialistas avaliam, porém, que as térmicas estão acionadas por um período muito maior que o planejado inicialmente e podem não dar conta de suprir a demanda ao longo do ano sem racionamento, na falta das hidrelétricas, caso as chuvas não fiquem muito acima da média até abril.

O ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e secretário de Energia do Ministério de Minas e Energia na época do racionamento, Afonso Henriques Moreira Santos, considera inclusive que deveriam ter sido construídas mais térmicas além do que foi construído após o racionamento de 2001.

Primeiros passos


Apenas recentemente o governo federal começou a falar em ações de eficiência energética para economizar energia.

Na semana passada, foi publicada portaria estabelecendo medidas para monitorar o uso de energia elétrica e água em órgãos da administração pública federal.

O setor público federal terá que reduzir consumo por meio de uso consciente do ar condicionado, desligamento de computadores e outros equipamentos quando não estiverem sendo utilizados, entre outras ações.

O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, disse que a intenção é reduzir em até 30 por cento o consumo de energia em prédios públicos federais.

O governo federal também promete disponibilizar na Internet uma cartilha com dicas para redução do consumo de energia a todos os consumidores do país, mas a adesão será voluntária.

Além das medidas já anunciadas para reduzir o desperdício de energia, o governo federal prepara outras ações para aumentar a oferta, como o estímulo a grandes empresas (indústrias e shoppings, por exemplo) para aumentarem sua geração própria de eletricidade por meio de geradores.

O governo também já autorizou a retomada da geração na usina termelétrica de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, processo complexo que demanda acordo para uso de gasoduto da Argentina e importação de combustível.

Questionado se essas medidas buscam justamente evitar ações mais extremas, como um racionamento, o Ministério de Minas e Energia disse que somente no final de abril poderão ser feitas avaliações mais conclusivas.

“Devido à grande variabilidade das afluências aos reservatórios das usinas hidrelétricas no chamado período úmido, que vai de dezembro a abril, análises e avaliações mais conclusivas sobre as condições energéticas do sistema elétrico brasileiro serão obtidas ao final deste período, ou seja, ao final do mês de abril”, disse o ministério, em nota.

Para a ex-diretora da Aneel Joísa Campanher Dutra, além das incertezas em relação ao clima não se sabe qual será a reação dos consumidores ao forte aumento previsto para as tarifas neste ano.

“A crise não tem um momento dado, depende de um conjunto de fatores, como a atividade econômica, o aumento dos preços e o clima”, disse Joísa.

A energia mais cara é uma das apostas dentro do governo para que os consumidores optem, voluntariamente, pela redução do consumo –segundo projeções do setor, os reajustes totais no ano podem chegar, em alguns casos, a até 60 por cento. Mas a ex-diretora alerta que os fortes aumentos das tarifas podem levar a um aumento da inadimplência.

Na prática


O ex-secretário do Ministério de Minas e Energia Moreira Santos avalia que a gravidade da situação atual é similar a vivida antes do racionamento de 2001.

Segundo Moreira Santos, as discussões sobre o racionamento em 2001 começaram no fim de março, quando também foi discutida a redução do consumo nos prédios públicos, e também o corte de carga programado –mas essa última sofreu forte oposição e não foi acatada na época, segundo ele.

Posteriormente, o governo lançou uma campanha para que houvesse economia de energia e em julho daquele ano começou o racionamento com meta de redução de 20 por cento do consumo.

Para o físico, professor e ex-reitor da Universidade de São Paulo (USP), José Goldemberg, que participou das discussões na época do racionamento de 2001, a atual situação já é de racionamento de energia.

Goldemberg vê o apagão orquestrado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) em 19 de janeiro deste ano como um racionamento, já que o ONS teve que escolher onde seria cortada a oferta de eletricidade por não conseguir atender toda a demanda naquele momento.

“O que o ONS fez foi um racionamento seletivo, porque senão haveria um apagão geral”, disse o ex-reitor da USP.

Dados atualizados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgados nesta sexta-feira mostram que o cenário não mudou mesmo com as chuvas mais intensas nesta semana.

O Sudeste, principal centro de consumo do país e que concentra 70 por cento dos reservatórios das hidrelétricas, terá chuvas equivalentes a apenas 58 por cento da média em fevereiro, quando seriam necessárias aflûencias muito acima da média para recuperar as represas a um nível confortável antes do início do período seco.

Apesar de o discurso oficial do governo ser de negar a necessidade de racionamento, técnicos que estavam no governo em 2001 e que continuam trabalhando no governo federal dizem que, se houver o comando político, é possível lançar rapidamente um plano de racionamento, graças à experiência adquirida no episódio anterior.

Fonte: http://www.tnpetroleo.com.br

Energy Outlook 2035 da BP: gás em crescimento e fluxos mudando

Energy Outlook 2035 da BP: gás em crescimento e fluxos mudando
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Apesar do recente enfraquecimento nos mercados energéticos do mundo, a atual expansão econômica da Ásia – particularmente na China e Índia – impulsionará o crescimento contínuo da demanda global por energia durante os próximos 20 anos. De acordo com a nova edição do Energy Outlook 2035 da BP, a demanda global por energia poderá ter um crescimento total de 37% entre 2013 e 2035 ou uma média de 1,4% ao ano.

O Outlook analisa tendências energéticas de longo prazo e desenvolve projeções para mercados de energia do mundo pelas próximas duas décadas. A nova edição foi lançada no último dia 17, em Londres, pelo economista-chefe da BP, Spencer Dale, e o CEO do Grupo BP, Bob Dudley.

“Após três anos de preços do petróleo altos e aparentemente estáveis, a queda dos últimos meses nos faz lembrar que, nos mercados energéticos, a regra básica é a mudança constante”, disse Dale. “É importante que olhemos além da volatilidade do curto prazo para identificar as tendências de longo prazo em oferta e procura. São elas que muito provavelmente moldarão o setor de energia ao longo dos próximos 20 anos e que ajudarão a embasar as escolhas estratégicas de agentes da indústria e do governo”, defendeu.

Tight oil em expansão nos Estados Unidos

O Outlook prevê que a demanda por petróleo aumentará a uma média de 0,8% ao ano até 2035. A demanda crescente origina inteiramente de países não membros da OCDE; o consumo nos países membros da OCDE atingiu seu pico em 2005 e até 2035 deve cair para níveis não registrados desde 1986. Até 2035, a China deve tomar o lugar dos Estados Unidos como o maior consumidor de petróleo do mundo.

Prevê-se que a atual desaceleração no mercado de petróleo, que deriva em grande parte de um forte crescimento na produção de tight oil (óleo betuminoso) nos Estados Unidos, deva se prolongar por alguns anos. Em 2014, a produção de tight oil elevou a produção dos Estados Unidos em 1,5 milhão de barris por dia – o maior crescimento em um único ano na história dos Estados Unidos. Porém, o crescimento em tight oil deve diminuir, e a produção do Oriente Médio deve aumentar novamente.

Até a década de 2030, é provável que os Estados Unidos tenham se tornado autossuficientes em petróleo, após terem importado 60% de sua demanda total até recentemente, em 2005.

Gás cresce rapidamente; carvão desacelera

A demanda por gás natural terá o crescimento mais acelerado de todos os combustíveis fósseis ao longo do período até 2035, aumentando a 1,9% ao ano, com a Ásia na liderança.

A metade dessa alta demanda será atendida pela crescente produção de gás convencional, principalmente na Rússia e no Oriente Médio, e cerca da metade por shale gas (gás não convencional). Até 2035, a América do Norte, que atualmente responde por quase todo suprimento de shale gas do mundo, ainda produzirá três quartos do total.

O carvão foi o combustível fóssil que mais cresceu na última década, impulsionado pela demanda chinesa. No entanto, contrariando esse movimento, o Outlook prevê que, ao longo dos próximos 20 anos, o carvão terá o menor crescimento, com 0,8% ao ano, um pouco abaixo do petróleo. A mudança se deve a três fatores: crescimento moderado na China; o impacto de regulações e políticas de uso de carvão tanto nos Estados Unidos como na China; e as abundantes fontes de gás ajudando a diminuir o uso do carvão na geração de energia.

GNL cresce, se tornando dominante no comércio
Ao passo que a demanda por gás aumenta, haverá incremento no comércio entre as regiões, e, até o início da década de 2020, a Ásia Pacífico ultrapassará a Europa como a maior importador líquido de gás. A expansão contínua de shale gas significa, também, que nos próximos anos a América do Norte deixará de ser um importador líquido para se tornar um exportador líquido de gás.

A maior parcela do crescimento em gás comercializado será atendida por fontes crescentes de gás natural liquefeito (GNL). A produção de GNL terá vasta expansão até o final desta década, com o fornecimento aumentando 8% ao ano até 2020. Isso também significa que, até 2035, o GNL terá superado oleodutos como a forma dominante de gás comercializado.

O aumento da comercialização de GNL terá efeitos adicionais nos mercados. Ao longo do tempo, espera-se que esse movimento leve a mercados e preços de gás mais integrados e conectados ao redor do mundo. Provavelmente, também fornecerá uma diversidade significativamente maior de fontes de suprimento de gás para regiões consumidoras, como a Europa e a China.

Energia fluindo para o leste

Ao longo do tempo, a autossuficiência energética da América do Norte – que deve se tornar exportador líquido neste ano – e o crescente comércio de GNL devem gerar impactos importantes nos fluxos globais de energia.

O aumento da oferta de petróleo e gás nos Estados Unidos e a menor demanda nos Estados Unidos e na Europa, devido à maior eficiência energética e crescimento menor, se somarão ao forte e contínuo crescimento econômico na Ásia para deslocar, cada vez mais, os fluxos de energia de oeste para leste.


Emissões de carbono continuam aumentando

O Outlook também considera as emissões mundiais de CO2 até 2035, baseado em suas projeções dos mercados energéticos e mais prováveis evoluções das políticas relacionadas à emissão de carbono. As projeções mostram a emissão aumentando 1% ao ano até 2035 ou 25% em todo o período, em uma trajetória significativamente maior do que aquela recomendada por cientistas, como ilustrado no Cenário 450 (450 Scenario) da Agência Internacional de Energia.

Seguir reduzindo as emissões e carbono exigirá medidas adicionais dos governantes, além daquelas já tomadas, e o Outlook fornece informações comparativas para alternativas viáveis e seus impactos sobre as emissões. Porém, como provavelmente nenhuma alternativa será suficiente sozinha, múltiplas medidas deverão ser tomadas. Isso reitera a importância da formulação de políticas que levem a um preço global significativo para o carbono, o que proveria incentivos para que todos buscassem atender à demanda crescente por energia de forma sustentável.

Ao comentar sobre o Outlook, o CEO do Grupo BP, Bob Dudley, concluiu: “A indústria de energia planeja estratégias e investimentos com horizontes, muitas vezes, de décadas. É por isso que uma visão das principais tendências e fluxos que irão moldar nossos mercados no longo prazo é essencial – e é exatamente esse o valor do Outlook”.
Fonte: http://www.tnpetroleo.com.br

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Petróleo vira investimento de alto risco

jeremy leggett geologist
O risco de investir em novos projetos de produção de petróleo, carvão e gás é muito grande diante do compromisso dos governos de conter o aquecimento da temperatura em 2°C. O alerta é do geólogo britânico Jeremy Leggett, renomado especialista em energia renovável. Com o preço de energias alternativas em queda e os investimentos nessas fontes em alta, projetos em combustíveis fósseis se tornam menos atraentes e mais arriscados. Nesse contexto, explorar petróleo em novas fronteiras geológicas, como o Ártico ou o pré-sal, são obras ambientalmente temerárias e com forte probabilidade de resultar em perda de dinheiro.
Para ele, o jogo acabou para a indústria do petróleo, carvão e gás. "É game over", diz. A questão para o empresário, ex-ativista e autor de quatro livros, é saber em quanto tempo isso irá acontecer. No caso do Brasil, ele recomenda que o país tenha planos alternativos ao pré-sal.

Investidor vai dar "game over" para combustível fóssil

Se os governos estiverem falando sério em conter o aquecimento da temperatura em 2°C, o risco de se investir em novos projetos de petróleo, carvão e gás é muito grande. Com o preço de energias alternativas em queda e os investimentos nessas fontes em alta, projetos em combustíveis fósseis se tornam menos atraentes e mais ameaçados. Explorar petróleo em novas fronteiras geológicas, como o Ártico ou o pré-sal, são obras ambientalmente temerárias e com forte probabilidade de perder dinheiro. Esse cenário é do geólogo Jeremy Leggett, 60, um dos mais renomados especialistas em energias renováveis do Reino Unido.
Leggett diz que o jogo acabou para a indústria do petróleo, do carvão e do gás: "É game over". A questão, para o empresário, ex-ativista e autor de quatro livros sobre energias renováveis é saber em quanto tempo isso irá acontecer. "Quem for furar poços no Ártico estará jogando dinheiro fora", acredita. "O Brasil deveria ter planos alternativos" ao pré-sal, sugere. "Os investidores estarão saindo do carbono."
No começo da vida profissional, Leggett estava do outro lado do balcão - pesquisando, entre outras coisas, depósitos de xisto, financiado pela BP e pela Shell. Convencido da responsabilidade da queima de fósseis na mudança climática, largou a indústria e tornou-se consultor científico do Greenpeace. Em 1998 fundou a Solarcentury, empresa de energia solar com receita anual de 200 milhões de libras. É também presidente do think tank britânico Carbon Tracker, que mapeia os investimentos das empresas de petróleo, gás e carvão ao redor do mundo e onde se cunhou o conceito de "bolha de carbono", uma metáfora para o risco que estes investimentos têm para os mercados de capitais.
Leggett falou ao Valor em Abu Dhabi, numa região que enriqueceu com o petróleo, mas agora se interessa pelas renováveis. Ele está otimista com o acordo climático que, se espera, os países assinem em Paris, no final do ano. Não pode haver novo fracasso, diz. "Se acontecer de novo, estamos mortos". A seguir, trechos da entrevista:

Valor: Maria van der Hoeven, diretora da Agência Internacional de Energia, diz que para muitos países os combustíveis fósseis são um imperativo de desenvolvimento. E que sistemas para sequestrar carbono, os CCS, planejados pelas empresas que exploram combustíveis fósseis, não são mais ficção científica.

Jeremy Leggett: Nunca foram ficção científica. A questão é: qual o custo econômico dos CCS? Há 13 grandes projetos de CCS hoje em operação no mundo. Teriam que ser milhares para haver redução significativa das emissões de gases-estufa. Mesmo se atingirem escala industrial e forem milhares, retirarão apenas uma fração de CO2 do que seria necessário.

Como se convencem países que têm muito carvão ou petróleo a não explorar nesses recursos para salvar o clima no mundo?

Que terão que tentar, mesmo, não usá-los.

O sr. diz que para a indústria do petróleo, do carvão e do gás, o jogo acabou. Por quê?

Por duas razões. A primeira é o custo elevado do capital para novos projetos em combustíveis fósseis. A exploração está ficando cada vez mais cara. A outra é a forte queda nos custos das alternativas, particularmente energias solar e eólica. Se os governos fizerem o que dizem que vão fazer para limitar o aumento da temperatura em 2°C, isso significará descarbonizar o sistema energético por volta de 2050. Quando digo que o jogo acabou, não quero dizer que isso irá acontecer amanhã, no ano que vem ou em 10 anos.

O que quer dizer, então?

Falo no sentido de retirada, de recuo. Porque pode-se ver o fim chegando. Há evidências também em algumas grandes empresas de energia. A primeira, a E.On, dividiu seu negócio de energia e separou as fósseis. Com isso disse que seu futuro está nas renováveis, na conservação de energia, nas redes inteligentes, em seu pacote verde. E que seus ativos fósseis serão embalados em uma empresa separada, que, basicamente, começará a diminuir. Isso acontece no mundo das concessionárias de energia, mas acredito que é só uma questão de tempo para se espalhar pelo mundo do petróleo e gás.

Quanto tempo?

Em uma entrevista recente me fizeram esta pergunta e respondi "logo". Não sei quanto tempo, não penso que aconteça este ano, mas em alguns anos. No dia seguinte à entrevista recebi vários e-mails. Um deles, de um ex-executivo da BP, dizia: "Acho que vai ocorrer em cinco anos."

E o que isso implica?

O que quero enfatizar é o que os executivos do setor dizem, "Ok, não temos futuro com combustíveis fósseis. Mas não conseguiremos fazer a transição da noite para o dia, ou em um ano, em cinco ou em 10 anos. Em 35 anos estaremos longe dos fósseis." O que significa é que precisamos de uma nova estratégia de crescimento focada em energias verdes.

Como estaremos em cinco ou dez anos?

Ainda estaremos queimando fósseis, mas em um mundo que, acredito, não estará mais buscando novas reservas. Estaremos queimando fósseis como uma ponte para um futuro de baixo carbono. Mais de 190 países estão buscando um acordo em Paris, no fim deste ano. É isso o que quero dizer. Não é algo tão radical assim.

Não?

Veja a Alemanha. As estatísticas de 2014, mesmo não oficiais, dizem que a participação de renováveis na matriz energética alemã está em 27%, e continua subindo. Vento e sol estão se tornando a maior fonte de eletricidade na Alemanha, perdendo ainda para o carvão. Mas, se continuar assim, em 2041 a Alemanha terá alcançado sua meta de ter 80% de energias renováveis em seu mix e não em 2050, como previsto antes.

Se o custo dessas tecnologias cai tanto, quais os obstáculos para que se espalhem mais rápido?

Principalmente culturais. Eu fui da indústria do petróleo e gás, conheço o setor. Há também uma questão de gênero na liderança dessa indústria: são sempre sujeitos mais ou menos da minha idade, perto da aposentadoria, tocando as coisas do mesmo jeito. Fizeram isso a vida toda e não são fáceis de serem persuadidos para mudanças que são necessárias. Isso também é encorajador, por outro lado, porque esse jeito de pensar pode morrer logo, assim que essas pessoas se aposentarem.

Mas ainda se ganha muito dinheiro com combustíveis fósseis.

Claro. Mas veja como este cenário está se mexendo rapidamente: há um ano não havia grandes desinvestimentos no setor. Agora há US$ 50 bilhões que estão deixando de ser investimentos em combustíveis fósseis, e este ano esse volume vai crescer mais. Agora mesmo a Nordea, grande fundo de investimentos europeu, pediu a seus investidores que saiam do carvão. São notícias recentes, todos os dias há algo assim. Os mais jovens dirão que este é um assunto moral e que não temos que ficar tão tristes. Acredito que haverá uma pressão geracional nos debates nos conselhos das empresas. Na nossa opinião, quem for furar poços no Ártico estará jogando dinheiro fora. Se quisermos pagar dividendos aos acionistas, o caminho não será esse.

E quanto à extração em águas profundas, como o pré-sal?

A Petrobras tem que levantar US$ 221 bilhões nos próximos 5 anos para explorar o pré-sal. Se esse dado procede, é o maior crédito de investimento de que já ouvi falar, de uma única empresa. Sem chances! Os investidores estarão saindo do carbono. Até agora, o volume de créditos de investimento cancelado em projetos de petróleo e gás no mundo é de US$ 170 bilhões, e está crescendo. Não sei se a Petrobras conseguirá levantar estes recursos nas condições atuais do mercado.

A produção do pré-sal já é de 700 mil barris dia equivalentes, somando gás e petróleo. É quase um terço do total produzido pela Petrobras. Mesmo assim o sr. acha que é um investimento de risco?

Sim. A maioria das supostas reservas são muito profundas, longe da costa, tecnicamente difíceis de serem exploradas e muito caras. Veja a condição do pré-sal, ninguém fez isso antes. É uma fronteira técnica. O sal não é uma rocha, ele se move e há que se extrair de algo assim. É, portanto, um investimento propenso a contratempos e desastres. Me lembra muito o caso do campo de Kashagan, no Cazaquistão, onde investiram US$ 50 bilhões em uma empreitada que irá perder dinheiro.

Qual caso?

Em 2000 foi descoberto no Mar Cáspio um enorme campo de petróleo. Juntou em um consórcio grandes empresas que diziam que seriam precisos US$ 10 bilhões para fazer o petróleo jorrar, em 2005. Agora, em 2015, a produção ainda tem problemas e a conta do investimento está em US$ 50 bilhões. Ali, as condições técnicas são difíceis, mesmo se o petróleo está em águas rasas. Agora dizem que levará mais dois anos para o petróleo chegar ao mercado. Isso irá acontecer? E a que custo?

E o desinvestimento em combustíveis fósseis?

É uma tendência forte e está provocando danos à imagem do setor. Se estivesse no setor do petróleo e gás, estaria preocupado com isso. Esta pressão da capitalização, neste modelo de negócios, é mortal. E é por isso que penso que alguma destas empresas irão quebrar e um grupo de investidores irá dar um golpe, recuar dos investimentos e copiar o que fez a E.On. Aí, sim, será o fim do jogo.

O senhor acha que o Brasil devia fazer o quê com o pré-sal?

Ter planos alternativos. Veja o que aconteceu no Golfo do México [com a empresa britânica BP]. Era uma proposta relativamente simples, feita por uma empresa altamente sofisticada, perfurando um lugar profundo, mas não tanto. Sofreram um vazamento de 3 milhões de barris e não puderam pará-lo por semanas. Tiveram de enfrentar um desastre ecológico e de imagem de grandes proporções, e a empresa se tornou a mais odiada da América do Norte. Se forem ao Ártico e ocorrer a mesma coisa, não poderiam parar o vazamento nunca. Pode imaginar o cenário em que ninguém tocaria na empresa, nenhum investidor? Seria um horror, dia após dia, sem conseguir parar o vazamento? Os franceses da Total viram o risco. Seu CEO, Christophe de Margerie, que infelizmente morreu recentemente, dizia: "Nós não vamos ao Ártico. É muito perigoso".

E o Brasil e o pré-sal?

O que posso dizer é que há fortes probabilidades que indicam que todo investimento substancial que for para o Pré-Sal será jogado fora. Não posso ter certeza, mas olhe em volta no mundo. E mesmo que dê certo, será caro e haverá outras opções para as pessoas. Analistas vêm dizendo cada vez mais que está chegando o momento em que carros elétricos poderão ser uma alternativa viável. Em 2020, estudos indicam que poderemos ter telhados com painéis fotovoltaicos, carros elétricos no quintal e baterias que podem dar conta de todo o consumo de eletricidade. Isso daqui a apenas cinco anos, com o custo dos investimentos recuperado em cinco ou seis anos. Veja a beleza dessa ideia: todos os equipamentos de sua casa são movidos pela eletricidade produzida por você mesma e estocada em uma grande bateria. O cenário energético global está mudando velozmente. O melhor é investir em alternativas, copiar o que a Alemanha está fazendo, o que está acontecendo na China. Há boas opções no Brasil também.

Mas até na Alemanha há problemas em administrar a rede com o fornecimento imprevisível feito por consumidores.

Há problemas, mas podem ser solucionados. Redes nacionais com o mix de renováveis poderão ter ajuda de baterias. Pode haver prédios em situações completamente fora da rede. Pode haver redes comunitárias, novas maneiras de se transportar eletricidade. Mas, claro, há muitas pessoas apontando problemas com renováveis porque querem prolongar o uso dos combustíveis fósseis. Há 40 anos colocamos gente na Lua e hoje não podemos equilibrar a entrada de renováveis na rede elétrica? Não engulo isso.

O sr. diz que a queda no preço do petróleo pode arrebentar a exploração do gás de xisto nos EUA e potencialmente causar impacto no sistema financeiro.

O custo de exploração [do xisto], embora variável, geralmente é alto, e o setor estava lutando com o preço do barril em US$ 100. Agora, em US$ 50, está contando as perdas. Para mim, tudo isso lembra a crise financeira, aquela bolha de mortos. Em janeiro, uma pequena empresa de petróleo do Texas já teve de pedir falência. Agora os bancos pressionam para que a indústria continue explorando. É como a corrida da rainha em "Alice no País das Maravilhas", onde todos correm, cada vez mais rápido, para continuar no mesmo lugar. Se os bancos começarem a reclamar o pagamento de seus empréstimos, muitos irão à falência.

A Agência Internacional de Energia diz que a queda nos preços terá mais impacto na Rússia do que nos EUA. Concorda?

O quadro é terrível para a Rússia, mas pode levar à falência boa parte do setor do petróleo de xisto dos EUA neste ano.

Como vê o impacto nas energias renováveis?

O dano que os preços baixos fazem aos combustíveis fósseis é muito pior do que os reveses para as energias renováveis.

Pode criar impacto negativo no clima e nas negociações?

E trazer o carvão de volta à cena? Mas aí, novamente, a situação se repete, principalmente com as novas minas. Está se investindo em algo, por um longo período - o tempo de uma mina ou de uma termelétrica - e com todas as opções de energia verde ficando mais baratas. Não sei se este cenário é ruim para o clima. É preciso que o gás de xisto colapse, que as pessoas percebam que é uma ilusão, um fenômeno único e de curto prazo, dos Estados Unidos.

Por que o sr. pensa assim?

Se outros países sonharem em explorar gás e óleo de xisto, incluindo o Reino Unido, poderemos dar adeus à ideia de manter o aquecimento em 2°C. Desde que, claro, haja dinheiro para isso. Há tanto gás e petróleo de xisto em outros países como nos EUA? Há questões políticas também, a lista é longa. No Texas e em Dakota do Norte foi possível explorar, mas tente fazer o mesmo em países europeus. Pode começar uma guerra.

Está se falando mais dos ativos imobilizados, os chamados "stranded assets"?

Sim. Investidores e governos que querem saber mais. Em dezembro, Edward Davey, ministro da Energia e Mudança do Clima, falou na bolha de carbono [o risco de se investir em combustíveis fósseis e de, no futuro, não se ter o retorno esperado] e que iria perguntar ao Banco da Inglaterra sobre o risco de fundos de pensões britânicos que investem em projetos de combustíveis fósseis e qual o plano para protegê-los. Se o BC está mapeando os investimentos de fósseis dos investidores, isso equivale a dizer que deve haver uma ameaça aos mercados de capital.

Quais são suas expectativas para o acordo de Paris?

Estou otimista.

Mas o que se obteve na conferência de Lima foi tão fraco...

Mas estamos na direção certa.

Mesmo com os países assumindo compromissos apenas voluntários, o que equivale dizer, fazendo o que querem?

Mas, se existir um mecanismo regular de revisão, mesmo se em Paris não chegarmos a cortes que garantam os 2°C, não será tarde demais. Para mim, tem a ver com a direção da viagem, enviar uma direção aos mercados. Em Copenhague enviou-se um grande sinal negativo e tudo recuou. Não podemos ter isso de novo. Se ocorrer, estamos mortos.

Há pontos que não andam. Não há e nunca houve transferência de tecnologia, por exemplo.

Fui para a África muitas vezes e vi que algumas coisas acontecem de qualquer jeito. Em países africanos você não vê linhas de telefone, mas todo mundo tem celular. Ocorrem saltos às vezes. Talvez com energia aconteça o mesmo. Por isso é que insisto em ser cuidadosamente otimista.

Há mudanças no Golfo Pérsico, rico e produtor de petróleo?

São países erguidos no petróleo e totalmente abertos para as energias renováveis. E não apenas por causa do clima. Os sauditas estão sob pressão para usarem mais energia solar porque estão queimando muito petróleo em usinas elétricas. Estão no deserto, incinerando suas fortunas, queimando as reservas para produzir eletricidade. A demanda está crescendo, as exportações caindo e se não pararem com isso, antes de 2030, em menos de 15 anos, não terão mais nada para exportar.
Fonte: http://geofisicabrasil.com

A Calculadora Global

A tarefa não é fácil, encontrar caminhos para o desenvolvimento e o bem-estar da humanidade e, ao mesmo tempo, reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa (GEE) de forma a garantir que o aumento da temperatura média do planeta não supere 2ºC.
Os diferentes caminhos envolvem decisões sobre transporte, geração de energia, agricultura, desmatamento, modos de produção industrial, padrões de consumo e hipóteses sobre o crescimento populacionaleficiência energética e outros. A resultante deles, além de mostrar o nível de emissões de GEE, tem impactoseconômicos, sociais e ambientais mais amplos a ser levado em conta.
A cada relatório do IPCC são traçados centenas destes caminhos (pathways) ou cenários que, depois, são agrupados para identificar os pontos em comum entre os caminhos que conseguem limitar as emissões nos níveis necessários para a meta de 2ºC. Mas, olhando de longe, estes cenários parecem excessivamente complexos e difíceis de entender e, mesmo, de interferir.
Agora, equipe de pesquisadores de uma aliança de instituições que inclui WRILondon School of Economics (LSE), Imperial College e International Energy Agency (IEA), desenvolveu ferramenta pública e de código aberto que possibilita, a qualquer interessado, desenhar seus próprios caminhos e cenários para ajudar a limitar o aquecimento do planeta em 2ºC: a Calculadora Global (The Global Calculator). O lançamento aconteceu em 28 de janeiro, na sede da Royal Society, em Londres.
No formato web, a ferramenta apresenta mais de 40 variáveis que podem ser ajustadas pelo usuário como, por exemplo:
- população global (qual seria a população global em 2050?),
- penetração de tecnologias automotivas (ex. x% de veículos elétricos em 2050),
- uso da terra e
- proporção de energias renováveis, só para citar alguns interesses.
A partir dessa combinação de variáveis são calculadas as emissões de GEE, o PIB global, a distribuição do uso da terra, custos de implementação entre outros resultados, de saída.

É muito simples de utilizar e traz resultados intrigantes, mesmo com as limitadas opções de cada variável (4 níveis). Toda a base de cálculo é feita em Excell e as planilhas bem como a documentação da metodologia e fontes de dados estão disponíveis no site da iniciativa para download.
Uma série de cenários já rodados por organizações como Amigos da Terra, IEA e Chatan House está disponível na Calculadora Global para que usuários possam comparar os diferentes caminhos trilhados.
E, para mostrar que é mesmo global, a calculadora pode ser acessada em várias línguas como inglês, francês, chinês, russo, árabe, bahasa, espanhol e, até, português!
Algumas características comuns dos cenários compatíveis com 2ºC estão resumidas no estudo “Prosperidade ao Redor do Mundo em 2050” preparado pelo grupo que implementou a ferramenta:
• A intensidade de carbono na energia elétrica em 2050 deve tender a quase zero;
• O consumo médio de combustível por km rodado deve cair pelo menos pela metade;
• 2/3 das emissões de carbono da indústria do cimento deve ser capturada e armazenada;
• Aumentar em 40 a 60% a produção agropecuária e diminuir em 10% a área ocupada.

Uma excelente iniciativa para tornar mais simples, próximo e usual o tamanho do esforço necessário para garantir o limite de 2ºC com desenvolvimento sustentável.
Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Falha no sistema de resfriamento provoca desligamento de Angra 1

Uma falha no resfriamento da Usina Nuclear Angra 1 provocou seu desligamento na madrugada de hoje (19), de acordo com a Eletronuclear, que administra a usina do sul fluminense. Por meio de nota, a administração da empresa informou que, à 0h22 de hoje, ocorreu um problema em um dos condensadores que resfriam o vapor usado para mover o gerador elétrico da usina.

Conforme a Eletronuclear, o desligamento tem o objetivo de preservar a integridade de outros equipamentos. As equipes de manutenção e engenharia estão no local para tentar resolver o problema.

Ainda não há previsão para o religamento da usina ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Segundo a Eletronuclear, como o condensador não está localizado na área nuclear, a falha não apresentou nenhum risco aos trabalhadores e à população.

A Usina Angra 1 é uma das duas que compõem o Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis, único complexo nuclear do país. Uma terceira usina, Angra 3, está sendo construída no local.

Fonte: http://www.tnpetroleo.com.br

O mais importante evento de válvulas, tubos e conexões chega ao RJ

O mais importante evento de válvulas, tubos e conexões chega ao RJ
Divulgação Divulgação
Nos dias 03 e 04 de março acontecerá o Flow Control Exchange Conference & Exhibition, o mais importante evento de válvulas, tubos e conexões já realizado no Brasil.

O evento estreia no Riocentro com a participação de grandes fabricantes e distribuidores internacionais, oportunidade única de promover o intercâmbio de conhecimentos técnicos e inovações tecnológicas.

O programa técnico tem como presidente o Sr. Euthymios Euthymiou, consultor sênior e grande especialista em válvulas da Petrobrás que junto com o comitê técnico composto por empresas como Pentair, Teadit, Braskem e Cosan elaborou sessões com temas sobre critérios de seleção de material, manutenção, vida útil, emissões fugitivas, vedação, resistência, produção consistente, tendências em tecnologia, usabilidades diversas, além de sessões sobre aço e corrosão.

O evento contará ainda com uma sessão exclusiva sobre como obter o cadastro CRCC da Petrobras.

“Já organizamos eventos similares a esse desde 1989, temos um reconhecimento internacional muito grande. Milhões de dólares são comercializados durante nossos eventos que acontecem na Holanda, USA e China e agora estamos trazendo essa movimentação para o Brasil” diz o  Diretor da KCI Publicações e Manager do evento no Brasil, André Davanzo.

A exposição, os seminários e os cursos promovidos pelo Flow Control Exchange edição Brasil, proporcionará ambiente ideal para fabricantes, distribuidores, pesquisadores, usuários, EPC´s e toda cadeia de fornecimento trocar experiências e fazer negócios em tempos de reestruturação econômica.

As inscrições podem ser feitas no site www.flowcontrolexchange.com.br e são gratuitas.
Fonte: http://www.tnpetroleo.com.br

Dente de molusco é material biológico ‘mais resistente’ que existe

Estudo indica que substância pode servir de inspiração para engenheiros que queiram produzir fibras mais fortes.

Dentes de moluscos parecem ser o material biológico mais forte já testado, e suas estruturas podem ser copiadas para fazer carros, navios e aviões do futuro, segundo uma pesquisa de engenheiros britânicos.
Moluscos têm uma língua de cerdas com pequenos dentes para coletar comida de rochas e levá-la à boca, muitas vezes engolindo partículas rochosas no processo.
Seus dentes são feitos de um composto mineral-proteico, cujos pequenos fragmentos foram testados em laboratório.
Os pesquisadores descobriram que esses dentes são mais fortes do que a seda produzida por aranhas e de resistência quase semelhante aos mais fortes materiais produzidos pelo homem.
"Até agora, pensávamos que a seda de aranha era o material biológico mais forte, por causa de sua superforça e de seu potencial para ser aplicado em tudo, de coletes à prova de balas a materiais eletrônicos, mas descobrimos que o dente de molusco tem uma força potencialmente maior", disse em comunicado o professor Asa Barber, da Escola de Engenharia da Universidade de Portsmouth (Grã-Bretanha), que liderou o estudo.
As descobertas, publicadas pelo periódico Interface, do grupo científico The Royal Society, sugerem que o segredo da força do material é o fato de suas fibras minerais estarem prensadas em uma estrutura muito fina. E essa descoberta pode inspirar melhorias na forma como construímos de carros e aviões a obturações dentárias.
'Fonte de inspiração'
Dentes de moluscos parecem ser o material biológico mais forte já testado, e suas estruturas podem ser copiadas para fazer carros, navios e aviões do futuro, segundo uma pesquisa de engenheiros britânicos (Foto: BBC)Dentes de moluscos parecem ser o material biológico mais forte já testado, e suas estruturas podem ser copiadas para fazer carros, navios e aviões do futuro, segundo uma pesquisa de engenheiros britânicos (Foto: BBC)
"A biologia é uma grande fonte de inspiração para um engenheiro", prossegue Barber. "Os dentes (de moluscos) são feitos de fibras muito pequenas, aglomeradas de uma forma muito particular - e devíamos estar pensando em formas de fazer nossas próprias estruturas seguirem os mesmos princípios de design."
Essas fibras, formadas por um mineral de óxido de ferro chamado goethita, criam uma base proteica de forma semelhante à que fibras de carbono podem ser usadas para fortalecer materiais plásticos.
Os dentes de molusco têm menos de 1 mm de largura, mas Barber e seus colegas colocaram dez deles em uma forma minúscula para medir sua força tênsil - a quantidade de força que o material consegue suportar antes de quebrar.
E vale lembrar que a parte do meio dessas amostras é mais de cem vezes mais fina do que um fio de cabelo humano.
Os dentes foram analisados por um microscópio de força atômica de forma a dividi-lo até o nível do átomo e para testar sua resistência.
Os cientistas calculam que a força dos dentes era de, em média, cerca de 5 gigapascais (GPa), cinco vezes mais do que a maioria das sedas produzidas por aranhas e força semelhante à pressão usada para transformar carbono em diamante sob a crosta terrestre.
Segundo Barber, isso é um novo recorde de força na biologia. Ele diz que é como se um único fio de espaguete conseguisse segurar 3 mil pacotes de meio quilo de açúcar.
"As pessoas estão sempre tentando encontrar (algum material) mais forte, mas a seda de aranha vinha sido a vencedora há diversos anos", diz ele à BBC. "Por isso, ficamos muito felizes com o fato de o dente de molusco superá-la."
Em comparação com materiais construídos pelo homem, o dente de molusco é quase tão forte quanto as melhores fibras de carbono.
A principal questão, diz Barber, é que fibras minerais provedoras de força são muito finas, o que evita buracos ou falhas que enfraceriam a estrutura.
E isso pode servir de aprendizado para engenheiros.
"Em geral, quando você faz algo grande, (o material) tende a ter mais falhas, que reduzem a força da estrutura. Se conseguirmos fazer fibras mais finas, talvez não tenhamos que nos esforçar tanto para acabar com essas falhas."
As descobertas impressionaram a professora Anne Neville, da Universidade de Leeds, sobretudo a forma como a força do dente parece ser ampliada por um tamanho específico de fibra.
"O material parece livre de falhas", diz ela.
Biólogos que estudam moluscos se dizem intrigados - mas não surpresos - pela façanha desses seres.
"Os moluscos são as escavadeiras do litoral", diz Steven Hawkins, professor da Universidade de Southampton. "A razão pela qual seus dentes são tão duros é que, ao se alimentar, eles estão escavando a rocha."
Fonte: http://g1.globo.com

Mais de 100.000 demissões no setor mundial de petróleo destroem sonhos de migrantes

A promessa de muitos empregos e de salários de até um quarto de milhão de dólares por ano atraiu a colombiana Clara Correa Zappa e seu marido britânico para Perth, Austrália, no auge do furor do petróleo e gás do continente.
Havia muita demanda por engenheiros em 2012, quando os preços do petróleo superavam US$ 100 por barril, com o qual ir morar em outros lugares do mundo era algo lógico. Contudo, em dois anos o petróleo despencou para menos de metade do preço de 2012 e Zappa perdeu seu emprego como analista de segurança. Agora, ela está preocupada que o marido, que também trabalha no setor de commodities, também perca seu emprego.
Essas preocupações estão crescendo em um momento em que o número de empregos eliminados no setor de energia globalmente é superior a 100.000, já que centros petroleiros antes agitados na Escócia, na Austrália e no Brasil, entre outros países, estão esvaziando, segundo a Swift Worldwide Resources, empresa de alocação de pessoal com escritórios no mundo inteiro.
"É chocante", disse Zappa, 29, em uma entrevista por telefone. Há "muita pressão para que ele conserve o emprego e ainda faça horas extras".
Suas preocupações são semelhantes às de dezenas de milhares de trabalhadores que migraram para as cidades do boom de petróleo e gás no mundo inteiro nos anos em que o barril de petróleo bruto chegava a US$ 100, de acordo com Tobias Read, o CEO da Swift. Ainda que grande parte do foco das demissões esteja nos EUA, onde os campos de xisto que criaram a superabundância sofreram os ajustes mais acentuados, trabalhadores de empresas ligadas ao setor de petróleo do mundo inteiro estão sofrendo, disse ele.

Perspectiva sombria

A perspectiva não está melhorando. Depois de ultrapassar brevemente os US$ 50 neste mês, o petróleo bruto dos EUA voltou a cair ontem e fechou a US$ 48,84 por barril. O Citigroup Inc. disse que o petróleo poderia cair para "a casa dos US$ 20" em abril devido à acumulação de oferta excedente.
A principal questão enfrentada hoje pelos trabalhadores do setor é quando a destruição de empregos vai parar. Executivos de empresas, entre elas a BP Plc e a Royal Dutch Shell Plc, anunciaram reduções de gastos de mais de US$ 40 bilhões e garantiram aos investidores que estão prontos para ajustar mais caso o mercado não se recupere consideravelmente.
A Austrália se destaca como país especialmente afetado, já que sua força de trabalho já estava dizimada por uma desaceleração no setor de mineração de carvão.
No Brasil, um escândalo por subornos que causou a demissão da CEO da petroleira estatal Petrobras no dia 4 de fevereiro agravou a crise em torno ao petróleo. O tesouro do Brasil está nas águas do seu litoral, na bacia de Campos, uma formação rica em hidrocarbonetos aninhada sob vastas camadas de sal que tornam a produção cara e arriscada.

Brasil, México

A nuvem sobre o setor no Brasil está parando o desenvolvimento de projetos em Macaé, uma cidade com 230.000 habitantes a cerca de 186 quilômetros a nordeste do Rio de Janeiro. Escolas internacionais fecharam porque os trabalhadores foram enviados para outras regiões e os royalties do petróleo pagos à cidade neste ano poderiam se reduzir pela metade, disse João Manuel Alvitos, o secretário de Planejamento da cidade.
As perspectivas para o petróleo do México também são sombrias. No fim de 2013, o país começou a tomar medidas para reformar sua constituição e terminar com sete décadas de monopólio, antecipando bilhões de dólares em investimentos das maiores petroleiras do mundo.
A Petróleos Mexicanos, que emprega 153.000 trabalhadores e prometeu protegê-los em meio à depressão do petróleo, começou a terminar contratos e parar aquisições neste ano com o objetivo de economizar de US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões. Esse plano deixou até 8.000 pessoas sem emprego, muitos deles concentrados na cidade portuária Ciudad del Carmen, disse Gonzalo Hernández, diretor da Câmara de Desenvolvimento Econômico da cidade no estado de Campeche.
Muitos trabalhadores que achavam que o fim do monopólio criaria empregos se sentem traídos.
"A reforma energética é uma mentira", disse Daniel Aquino, um soldador de torres de perfuração que estava esperando um trabalho junto com centenas de pessoas no fim do mês passado depois que os ajustes da Pemex foram divulgados.
Fonte: http://geofisicabrasil.com