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sábado, 22 de outubro de 2016

Animadas pela alta recente nos preços, petrolíferas voltam a investir

A perspectiva de um aumento nos preços do petróleo está levando a indústria petrolífera global a retomar uma estratégia que ficou esquecida durante boa parte dos dois anos de declínio do setor: fazer novos investimentos.
As grandes empresas de petróleo voltaram a planejar novos gastos, disse Bob Dudley, diretor-presidente da BP PLC, nos bastidores da Conferência de Petróleo e Dinheiro, realizada ontem e hoje em Londres. A petrolífera britânica já tomou decisões finais de investimento em uma série de projetos neste ano e deve aprovar mais alguns em 2017, disse ele.
“Os investimentos estão de volta”, disse Dudley. “Mas eles só irão para os melhores” projetos.
Os comentários de Dudley refletem um sentimento generalizado entre executivos da indústria e autoridades governamentais de que há luz no fim do túnel, num momento em que o setor atravessa um dos períodos mais sombrios de sua história.
Nos últimos dois anos, a indústria foi chacoalhada por um colapso nos preços que derrubou a cotação do barril de um pico de US$ 114, atingido em meados de 2014, para menos de US$ 50, sem que ela nunca tivesse voltado às máximas anteriores. Agora, com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo prometendo fazer um corte modesto na produção e os preços ensaiando uma alta, executivos e líderes da indústria dizem que alimentam uma esperança comedida. Os preços do petróleo continuam oscilando entre US$ 50 e US$ 52 o barril. O petróleo do tipo Brent, a referência internacional, era negociado ontem a US$ 51,74 o barril na bolsa ICE, em Londres, com alta de 0,43%.
Dudley previu que a cotação vai ficar entre US$ 50 e US$ 60 por barril em 2017, comparado com uma variação de US$ 28 a US$ 53 até agora neste ano. Ali Moshiri, presidente da área de exploração e produção da americana Chevron Corp. na África e América Latina, disse que as petrolíferas que exploram formações de xisto nos Estados Unidos voltariam a investir se os preços atingissem US$ 60 por barril.
“O fenômeno do petróleo de xisto é real e, quando os preços subirem para US$ 60, você verá o número de sondas ativas aumentar. Isso é inevitável”, disse Moshiri durante um painel de debate da conferência.
Os cortes feitos pela Opep, o cartel de 14 países que controla mais de 30% da produção de petróleo bruto do mundo, vão reduzir em cerca de 1% a 2% a produção total dos países-membros da organização, que hoje é de 33,2 milhões de barris diários. Isso ajudaria a diminuir o enorme excesso de oferta que inundou os mercados mundiais e derrubou os preços.
Mas a Opep e outros produtores de petróleo precisam tomar cuidado, disse Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia, em uma entrevista ao The Wall Street Journal. Elevar muito os preços daria impulso à produção americana, interromperia o rápido declínio na produção de países como a China e a Colômbia e colocaria um freio na frágil demanda por petróleo, disse ele.
Os investimentos do setor de petróleo caíram em 2015 e 2016 e devem recuar novamente em 2017, a menos que haja uma mudança na maré — a primeira vez em que os investimentos do setor recuariam por três anos consecutivos desde que começaram a ser medidos, disse Birol.
John B. Hess, diretor-presidente da petrolífera americana Hess Corp., alertou que, sem novos investimentos, o equilíbrio mundial entre oferta e demanda passaria rapidamente do excedente de oferta observado hoje para uma escassez no futuro.
“Nós não estamos investindo o suficiente hoje [...] para garantir que a oferta de petróleo acompanhe a demanda em 2018, 2019 e 2020”, disse ele.
Já Ryan Lance, diretor-presidente da também americana ConocoPhillips, disse que essa alta recente dos preços não seria suficiente para as empresas começarem a gastar dinheiro novamente em grandes projetos de longo prazo. “Os preços estão ainda muito baixos para justificar investimentos significativos”, disse ele.
Ian Taylor, líder executivo da maior negociadora independente de petróleo do mundo, a suíça Vitol Group, disse, por sua vez, que o equilíbrio entre oferta e demanda no mercado de petróleo permanecerá fora do eixo no próximo ano. Ele prevê um barril de US$ 54,99 em outubro de 2017.

Fonte: http://geofisicabrasil.com/

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