Esta imagem é parte do mapa magnético que o telescópio traçou, exatamente na forma como os cientistas estão analisando os dados. [Imagem: ESA and the Planck Collaboration]
Erupção da Estrela Polar
Não, isto não é uma impressão artística, tão comumente vista na apresentação de observações astronômicas.
Também não é uma visão de cores verdadeiras, como veríamos se estivéssemos a bordo de uma nave espacial, mas representa a colorização dos dados reais dos campos magnéticos obtidos pelo telescópio espacial Planck.
Ou seja, esta imagem é parte do mapa magnético traçado pelas observações do telescópio, exatamente na forma como os cientistas estão analisando os dados.
A curiosidade é que esta porção do mapa magnético do Planck parece mostrar algo etéreo e fantástico: Uma figura semelhante a uma fada emergindo de chamas ardentes e caminhando em direção ao lado esquerdo do quadro.
Esta ilusão de fogo é na verdade produzida por um elemento celestial conhecido como "Erupção da Estrela Polar" (Polaris Flare). Mesmo este nome é um tanto enganador, porque o fenômeno não é uma erupção - como as erupções solares, por exemplo -, mas sim um feixe de filamentos ondulados de poeira com 10 anos-luz de largura, localizado na constelação de Ursa Menor, a cerca de 500 anos-luz de distância de nós.
Ondas em um mar de poeira cósmica
Usando uma combinação de observações dos telescópios com uma simulação de computador, os astrônomos agora acreditam que os filamentos da Erupção da Estrela Polar podem ter sido formados por ondas de choque lentas se propagando através de uma nuvem interestelar densa, um acúmulo de poeira cósmica fria e gás que se encontra entre as estrelas da nossa galáxia.
Estas ondas de choque, que lembram os estrondos sônicos formados por ondas sonoras rápidas aqui na terra, poderiam elas próprias ter sido desencadeadas por estrelas próximas que explodiram e perturbaram o ambiente ao seu redor, provocando uma grande nuvem de ondas de turbulência.
Em outras palavras, a imagem retrata ondas em um mar de poeira cósmica - e não chamas, como parece - detectadas por suas emanações magnéticas.
Linhas magnéticas
A Erupção da Estrela Polar está localizada perto do Pólo Norte Celeste, um ponto perceptível no céu alinhado com o eixo de rotação da Terra. Estendendo-se pelos céus dos hemisférios norte e sul, esta linha imaginária aponta para os dois polos celestes. Para encontrar o Pólo Norte Celeste, basta localizar a Estrela Polar, a estrela mais brilhante na constelação de Ursa Menor. Mas foi só nos últimos anos que os telescópios espaciais, como o Herschel e o Planck, começaram a mostrar que a Erupção da Estrela Polar tinha seus segredos.
As linhas através da imagem mostram a direção média do campo magnético da nossa galáxia na região que contém a Erupção da Estrela Polar. Elas foram traçadas com base na emissão polarizada da poeira cósmica.
Grãos de poeira interestelar são afetados pelo campo magnético da galáxia e entrelaçados com ele, o que os faz alinhar-se preferencialmente no espaço. Isto leva à emissão da poeira, que exibe uma orientação preferencial que pode ser detectada pelos telescópios - a emissão da poeira é calculada a partir de uma combinação de observações de várias frequências, enquanto a direção do campo magnético é baseada em dados de polarização do Planck a 353 GHz.
As linhas que traçam a "fada magnética" cósmica representam as intensidades dessas emissões.
Fonte: http://geofisicabrasil.com
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