Os
dados da Agência Internacional de Energia revelam que a produção de gás
natural no Brasil, extraída em terra, tem potencial de passar dos atuais
3 bilhões de metros cúbicos por ano para 20 bilhões em 2035,
considerando os recursos de gás convencional e não convencional - que
precisa ser extraído de rochas porosas em profundidades maiores.
Especialistas
apontam que essa vantagem natural poderia tornar o País não apenas um
líder no mercado internacional, como também seria um trunfo na
diversificação da matriz energética brasileira.
Mas para isso ocorrer, é necessário dinamizar a exploração do gás
natural no Brasil, que atualmente está focada apenas em alto mar, mais
precisamente nas reservas da área do pré-sal. Para propor uma política
de desenvolvimento da produção de gás em terra no País, a Confederação
Nacional da Indústria (CNI) apresentou nesta terça-feira (12) o estudo
"Gás Natural em terra: uma agenda para o desenvolvimento e modernização
do setor".
Na avaliação do coordenador do estudo e participante do Grupo de
Economia da Energia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
professor Edmar de Almeida, a exploração de gás em terra enfrenta
desafios em ser atrativa para investimentos. Por isso, é necessário da
parte do governo criar incentivos tributários para o setor produtivo,
que por sua vez deve investir em pesquisa e desenvolvimento (P&D)
para obter as tecnologias necessárias para a exploração.
Uma delas diz respeito ao fraturamento hidráulico, que é a injeção de
água em altíssima pressão, junto com areia e produtos químicos, para
criar um caminho dentro da rocha em que o gás sai. Mas esse processo
precisa ser adaptado ao tipo de rocha da região, sendo estudado e posto
em prática.
"É preciso fazer um investimento muito grande em processos de
aprendizado tecnológico, que é o que chamamos na academia de learning by
doing. A gente só vai conseguir produzir o gás não convencional depois
de perfurar muito poço para descobrir como as técnicas de fraturamento
podem funcionar melhor nas características geológicas brasileiras. E
para esse processo de aprendizado é preciso incentivar, inclusive com
P&D", afirmou o professor.
Potencial
Segundo Almeida, a própria Agência Internacional de Energia avaliou o
Brasil como um dos dez países com maior potencial de produção de gás
não convencional no mundo. "O Brasil está abrindo mão de um grande
potencial num contexto que nós importamos metade do nosso gás e temos
uma das ofertas de gás mais caras no mundo. É um tiro no pé", comentou.
Na avaliação do coordenador, o investimento em P&D, que seria o
essencial para se dar o primeiro passo, até o momento não foi feito. "Se
precisa de muitos recursos para isso, mas não se tem apoio para fazer
isso. Tudo é feito com capital privado, e ainda por cima, agora que as
empresas iriam começar o fraturamento houve uma moratória no estado de
Minas Gerais e o Ministério Público proibiu. Ou seja, o que está se
querendo fazer é proibir um processo de aprendizado tecnológico",
pontuou.
Com o estudo, Almeida identificou e avaliou as principais barreiras
econômicas e regulatórias para o desenvolvimento da exploração do gás
natural em terra no Brasil, e elaborou uma agenda de reformas para
acelerar a atividade no País. Com o documento, é esperado o incentivo
para começar a se debater a criação de um ambiente mais propício para o
setor.
Fonte: http://geofisicabrasil.com
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