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sábado, 9 de maio de 2015

Terremoto: a energia incontrolável

Quase todos os terremotos são produtos do deslocamento das placas tectônicas e o que acaba de ocorrer no Nepal não fugiu à regra. A sismicidade em torno dos Himalaias está inserida em um contexto maior, envolvendo as placas Africana e Arábica, que junto com a Indiana, também colidem com a Eurasiana, para formar a faixa sísmica Alpino-Himalaia, a segunda mais ativa do mundo. Estendendo-se do sul da Europa/norte da África, até as Filipinas, ela passa por países com históricos de terremotos fatais como o  de Lisboa, em 1755, com magnitude (M) estimada 8.5-9.0, que matou cerca de 40 mil pessoas, ou o recente, em Sichuan, China, em 2008, com M7.9, que ceifou 70 mil vidas.
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Mapa com epicentros do sismos principal (25/04/2015, M7.8) e secundários (aftershocks). As cores simbolizam que todos os eventos tem profundidade rasa (<30km). (Fonte: USGS)

O sismo de 25/04/2015, com M7.8 e a menos de 80 km da capital Kathmandu, tornou-se o mais novo integrante da listagem. Seus efeitos  devastadores resultaram não apenas da elevada magnitude, como da profundidade rasa, apenas 10 km e com epicentro muito próximo de duas cidades populosas e com construções frágeis. Quase instantaneamente, o sismo liberou uma enorme quantidade de energia, na forma de ondas sísmicas, que mexeram violentamente com o chão a medida que se deslocavam em alta velocidade. É como se a natureza, num repente, descarregasse  a energia equivalente a 500 bombas de Hiroshima, ou a totalidade da produção de dois meses da hidrelétrica de Itaipu. Como resistir a tudo isto? Somente edificações construídas para suportar altas acelerações do terreno tendem a ficar de pé. De outra forma, caem como se de papel fossem.
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ShakeMap preparado pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) indica as vibrações do chão na região afetada pelo terremoto, em termos de picos de aceleração, de velocidade e também estima a intensidade sísmica. No caso Kathmandu, um dos locais mais afetados, o pico de aceleração chegou a 75% do valor da gravidade, a velocidade a 86 cm/s e a intensidade atingiu o grau IX. (Fonte: USGS)

Para piorar, o terremoto chacoalhou as encostas íngremes das montanhas ocasionando escorregamentos de terra e avalanches de neve, matando pessoas, destruindo e bloqueando acessos para levar socorro a locais isolados. Se hoje a situação é difícil, amanhã também será, pois a recuperação de um país pouco desenvolvido é mais custosa, lenta e totalmente dependente de recursos externos. Por tratar-se de um processo longo, não é incomum que promessas feitas no calor do desastre não sejam cumpridas e caiam no esquecimento.

Danos em Kathmandu

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Danos diversos observados na capital Kathmandu. (Fonte: Internet)

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As edificações antes e depois do terremoto. (Fonte: Internet)

Recentemente, sismólogos franceses chamaram a atenção das autoridades nepalesas sobre a possibilidade de um forte tremor atingir o país, pois suas pesquisas mostravam  a repetição de sismos fortes na região, a cada 80 anos, aproximadamente. Não se tratou de previsão sísmica, mas de um alerta importante que não costuma surtir efeitos em países com parcos recursos econômicos e com problemas sociais de toda ordem. Situação parecida aconteceu no Haiti, pouco antes do terremoto de M7 quase aplainar a capital do país e provocar o espantoso número de mais de 200 mil mortos, em janeiro de 2010.
Como os terremotos não podem ser previstos, resta preparar as cidades e os seus cidadãos para enfrentá-los. Isso exige conhecimentos diferenciados e maciços investimentos para planificar as cidades, reforçar edifícios antigos, construir os novos com códigos antissísmicos e treinar as pessoas para situações de emergência. Istambul, São Francisco, Tóquio estão na lista de prováveis candidatas a sofrerem terremotos fortes em um tempo não tão distante. Espera-se que estejam preparadas para evitar numerosas vítimas, pois é para isto que se planeja e se exercita a cultura da prevenção a desastres de qualquer natureza.
É totalmente certo que as placas tectônicas seguirão em movimento e os terremotos continuarão acontecendo. Mas não se sabe quando, nem onde e de que tamanho será o próximo sismo. Não existindo preparação adequada, outros episódios como o do Nepal prosseguirão chocando o mundo.



 Fonte: http://geofisicabrasil.com

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