Especialistas em energia e gás natural estarão reunidos em São Paulo, nos dias 27 e 28 de setembro,para a Sustainable Gas Research Innovation 2016. Trata-se de um encontro entre pesquisadores do Sustainable Gas Institute (SGI), ligado ao Imperial College London, e do Centro de Pesquisa para Inovação em Gás Natural (“Research Centre for Gas Innovation” - RCGI na sigla em inglês) – um centro de excelênciacom sede na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP)que é apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Grupo BG/SHELL.
O objetivo do evento é discutir projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I) que possam ser trabalhados em conjunto para aumentar o peso do gás natural na matriz energética mundial, com novas tecnologias e aplicações, e baixa emissão de gases de efeito estufa. Serão discutidos também o futuro uso de hidrogênio obtido a partir do gás natural como combustível, além sequestro de carbono. “Nesta conferência, cada instituição apresentará seus projetos em andamento, de modo que os pesquisadores conheçam esses trabalhos e possam colaborar com sugestões, parcerias e contribuições científicas de qualquer natureza”, explica o coordenador do RCGI, o professor Julio Meneghini, da Poli-USP.
O encontro terá a participação de cerca de 140 pesquisadores, entre brasileiros e estrangeiros. Uma delegação de 26 pessoas está vindo do Reino Unido, entre elas o professor Nigel Brandon, diretor do SGI e vice-diretor da Faculdade de Engenharia do Imperial College London. Trata-se de um dos maiores experts do mundo em células a combustível – dispositivos que convertem eletroquimicamente o hidrogênio em eletricidade, sem passar por ciclos de carbono.
O Grupo BG/SHELL estará representado por seu gerente geral de separação de gás, Rob Littel, um dos keynote speakers do evento ao lado de Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp. Littelé responsável pelo desenvolvimento de tecnologia para a remoção de H2S (sulfato de hidrogênio), CO2 e outros contaminantes do gás natural e para captura, utilização e armazenamento de CO2. Também foram convidados gestores públicos, representantes do governo e de instituições de pesquisa, além de empresas da área de petróleo e gás.
Missão estratégica – De acordo com Meneghini, a função do RCGI e do SGI é estratégica. Ambos foram criados para funcionar como hubs dedicados ao tema gás natural e trabalhar de maneira conjunta.“Trata-se de pesquisas de ponta que trarão inovações importantes como, por exemplo,fomentar o combustível do futuro, que é o hidrogênio, já que a maneira mais barata de obter hidrogênio é a partir do gás natural”, afirma.
No Brasil, a relevância dessas pesquisas pode ser medida pelo aumento da participação do gás natural na matriz energética que foi de 30%nos últimos seis anos. A tendência de crescimento também se aplica à produção bruta nacional que, em maio deste ano, foi de 99,8 milhões de m³/dia – um aumento de 7,2% se comparada ao mesmo período do ano passado.
“Hoje, boa parte do gás natural que é produzido no País é reinjetada no subsolo, inclusive a oriunda do pré-sal”, acrescenta o Meneghini. Para se ter uma ideia, em janeiro de 2016 o Brasil reinjetou 30,4 milhões de m³/dia no subsolo (dos 97,25 milhões de m³/dia produzidos), ao mesmo tempo em que importou 31,7 milhões de m³/dia da Bolívia. “Precisamos trabalhar em novas tecnologias e inovação para aproveitar todo o nosso potencial, que é imenso”, ressalta.
O gás natural emite aproximadamente a metade da quantidade de dióxido de carbono (CO2), quando comparado a outros combustíveis fósseis. Por ser a terceira maior ser a terceira maior fonte de energia primária do mundo, superado somente pelo petróleo e pelo carvão, é considerado um combustível de transição para matrizes de energia mais limpas.
Nigel Brandon, do SGI, destaca a importância de mais investigação científica para compreender plenamente o papel do gás natural no cenário de energia global e sua interação com outras fontes de energia. “O gás natural pode dar uma contribuição importante para a transição de energia, enquanto as energias renováveis estão amadurecendo, resolvendo questões como a intermitência, por exemplo”.
A meta de ambos os centros é realizar cinco conferências anuais. “Nossa ambição é estabelecer os fundamentos para crescer em uma escala maior, realizando conferências globais que inspirem novas e relevantes pesquisas”, finaliza Brandon.
Fonte: http://www.tnpetroleo.com.br
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