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sábado, 8 de novembro de 2014

'Cinturão Dourado' do México pode viver novo boom do petróleo

Mais de um século atrás, um californiano empreendedor descobriu petróleo perto da cidade portuária de Tampico, no Golfo do México. Foi a primeira de muitas descobertas que deram à área o nome de "Cinturão Dourado" e transformaram o México num dos principais produtores mundiais de petróleo.
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Agora, o berço da indústria petrolífera mexicana deve dar início a um novo boom do petróleo, já que o governo do presidente Enrique Peña Nieto abriu a exploração e produção a empresas privadas, pondo fim a mais de sete décadas de monopólio estatal.
Embora o maior impulso para a produção petrolífera do país provavelmente venha das águas profundas no Golfo do México, esses campos podem demorar até dez anos para começar a produzir. Bem antes disso, espera-se que a produção suba nos campos terrestres mais maduros da região de Tampico, que no passado atraiu o famoso monopólio americano da Standard Oil Co.
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"Um boom está vindo por aí", diz Joel Vázquez, que dirige a DCM, uma empresa de perfuração com sedes no México e no Canadá. "Não se passa uma semana sem uma petrolífera nos contatar, interessada em fazer uma joint venture ou em investir aqui."
Nas próximas semanas, o governo do México planeja revelar os termos dos primeiros leilões de blocos de exploração petrolífera sob a nova lei de energia. A licitação, prevista para o ano que vem, deve atrair muito interesse tanto de grandes como de pequenas empresas. Dos 169 blocos sendo ofertados, 47 se encontram num raio de 110 quilômetros de Tampico.
Muitos campos mais antigos vão exigir novas tecnologias — como a perfuração horizontal e o fraturamento hidráulico — para elevar o volume de petróleo recuperado. Mas esses campos têm pouco interesse para a estatal Petróleos Mexicanos (Pemex), que não possui essas tecnologias.
"Sabemos que há muito potencial aqui, mas, para a Pemex, aumentar a produção nesses poços não era economicamente viável", disse a vice-ministra da Energia, Lourdes Melgar.
Grandes petrolíferas, incluindo a BP e a Royal Dutch Shell devem se concentrar nos campos de águas profundas, enquanto a exploração dos campos já maduros vai ficar, na maior parte, com empresas menores.
A canadense Pacific Rubiales Energy Corp. , que vem sendo bem-sucedida na Colômbia, informou que reservou US$ 1 bilhão para investir no México, possivelmente em campos maduros. A nova empresa mexicana Sierra Oil & Gas SRL recebeu US$ 525 milhões em compromissos de investimento e pretende priorizar a exploração em águas rasas e campos terrestres maduros.
A maioria dos 2,4 milhões de barris de petróleo bruto que a Pemex produz por dia vem de depósitos no sul do Golfo do México. A região norte, que inclui reservas próximas a Tampico, gera uns 129 mil barris por dia.
Esses campos maduros, juntamente com as águas rasas do Golfo e os campos terrestres no Estado de Tabasco, no sudeste do país, deverão contribuir com a maior parte do estimado aumento de 500 mil barris diários na produção entre hoje e 2018, de acordo com Melgar.
A DCM, uma joint venture entre o Grupo Diavaz, do México, e a canadense CanElson Drilling Inc., está encarregada da perfuração do campo de Ébano, uma área de florestas cercadas por pântanos. O campo, a 70 quilômetros a oeste de Tampico, foi também o local onde o primeiro poço de petróleo do país foi perfurado, em 1901, pelo fundador da Mexican Petroleum Corp., Edward Doheny.
Até o momento, as empresas foram limitadas pela lei mexicana a receber pagamentos da Pemex pela prestação de serviços como a perfuração e a manutenção de poços.
Sob a nova lei, a Pemex está trabalhando para transformar os contratos de prestação de serviços em acordos mais rentáveis de compartilhamento da produção, na esperança de atrair investimentos e ampliar a perfuração. Vázquez, da DCM, prevê que a produção no Ébano vai aumentar ao longo dos próximos cinco anos dos atuais 11 mil barris diários para cerca de 40 mil.
Empresas como a DCM poderiam futuramente concorrer a pequenos blocos. "Seremos capazes de trabalhar como prestadoras de serviços para grandes petrolíferas privadas e, ao mesmo tempo, concorrer com elas", diz Vázquez.
Alejandro Carrasco, um engenheiro da DCM, parou recentemente sua caminhonete numa estrada de terra do campo de Ébano e apontou para as duas sondas de perfuração que se destacavam no horizonte. "A ideia é transformar isto aqui num mar de sondas", disse.
O governo aposta que abrir o setor petrolífero pode ser a chave para repetir o sucesso do boom das formações de xisto nos Estados Unidos.
A área em torno de Tampico faz parte de um longo trecho de terra, nos Estados de Tamaulipas e Veracruz, que o Ministério da Energia estima conter até 35 bilhões de barris de petróleo equivalente, incluindo alguns dos maiores depósitos de petróleo de xisto do país. A Administração de Informações sobre Energia dos EUA calcula que o México tenha a oitava maior reserva mundial de petróleo de xisto.
Não que isso signifique que extrair o petróleo será fácil.
Chicontepec, uma bacia geológica de difícil extração, a 200 quilômetros ao sul de Tampico, produziu apenas 47 mil barris diários em setembro. A Pemex tinha como meta 600 mil barris diários para este ano.
"Esses são campos petrolíferos muito complicados, que em alguns casos podem ter menos petróleo do que o previsto ou até mesmo impossível de ser extraído", diz o consultor Antonio Juárez, que já ocupou um cargo no Ministério da Energia.
Jorge Piñón, ex-diretor superintendente da petrolífera Amoco para a América Latina, diz que problemas relativos à infraestrutura, aos lençóis de água e à mão de obra qualificada aumentam as dificuldades.
Há também preocupações com a segurança.
As disputas pelo comando do tráfico de drogas entre os Zetas e o Cartel do Golfo têm levado à violência. Sequestros, extorsão e roubo de combustível são uma preocupação frequente. Depois das 23h todo o movimento cessa nas ruas de Tampico, onde, antes de sair de casa, as pessoas costumam consultar páginas locais do Facebook para ver alertas sobre tiroteios. A sede da DCM fica num prédio cinza discreto, com vidros escuros e nenhuma placa externa anunciando a presença da empresa.
Mas Vázquez, da DCM, diz que isso não o desencoraja.
"Não é fácil operar aqui", diz. "Mas há uma coisa que vai convencer todos nós: o dinheiro. Aqui você pode ganhar muito dinheiro."
The Wall Street Journal - 06/11/2014 - Por JUAN MONTES, de Tampico, Mexico (Colaborou Laurence Iliff.)The Wall Street Journal - 06/11/2014 - Por JUAN MONTES, de Tampico, Mexico (Colaborou Laurence Iliff.)

Fonte: http://geofisicabrasil.com

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