Com 50% a 60% do escoamento nacional de óleo dos campos offshore realizado por meio de navios aliviadores, a indústria petrolífera tem na área logística um de seus maiores desafios para desenvolver não somente o pré-sal como também suportar a crescente produção de óleo e gás em águas cada vez mais profundas e mais distantes da costa brasileira.
A megalicitação em curso na Petrobras, estimada em US$ 4 bilhões, para construção, montagem e integração dos módulos de oito plataformas de produção de petróleo para a área do pré-sal da Bacia de Santos, cujos cascos estão em construção no estaleiro Rio Grande-RS, teria recebido cerca de 50 lances de pelo menos três dezenas de empresas. Essa licitação, já programada, não colocou em polvorosa apenas os fornecedores de equipamentos e navipeças. Reforçou também as expectativas do setor de apoio offshore, que tem reiterado o gargalo existente nessa atividade chave da indústria de petróleo e gás. Afinal, assim como a segurança operacional e a questão ambiental, a logística é crucial para garantir as operações das quase 150 unidades de produção instaladas ao longo da costa brasileira.
A grande concentração delas aparece justamente no litoral da Região Sudeste, onde estão as bacias mais produtivas, como a de Campos e a do Espírito Santo, e a de maior potencial, a Bacia de Santos, com a sua rica camada do pré-sal. Por mar e por terra, a indústria offshore movimenta uma imensa cadeia de suprimentos e de logística offshore.
Tráfego no mar e no ar – No mar, além do tráfego contínuo de navios aliviadores e barcos de apoio às operações das unidades de produção, há um aumento no fluxo de embarcações que suportam desde as atividades exploratórias, ao lado das sondas, à instalação de equipamentos submarinos (dutos, umbilicais etc.) dos projetos em implantação, boa parte deles em águas profundas. E também distantes da costa, caso do campo de Lula, no pré-sal de Santos, que está a mais de 300 km da costa do sul do Rio de Janeiro, o triplo da média verificada nas unidades da Bacia de Campos, explorada desde meados da década de 1970, mas ainda com grande potencial de crescimento da produção.
No ar, uma frota de helicópteros transporta a força humana que faz da Bacia de Campos, no Norte Fluminense, uma província marítima com uma população flutuante em torno de 50 mil pessoas. Segundo números da própria Petrobras, hoje, o transporte aéreo movimenta mensalmente mais de 70 mil passageiros, atingindo em torno de 850 mil pessoas por ano.
Dadas as novas unidades que estão sendo instaladas ou previstas para os próximos anos, além das atividades exploratórias, a expectativa da estatal é a de que o número desses passageiros dobre até 2017 e continue a crescer até 2020. E o volume de carga, hoje em torno de 500 mil toneladas, deve superar um milhão de toneladas até o final da década.
De acordo com dados da petroleira, apresentados no fim do ano passado, entre 2003 e 2010 entraram em operação na costa brasileira nada menos que 35 unidades estacionárias de produção (UEP).
De 2011 a 2015, a previsão é de mais 21 UEPs, duas das quais já entraram em operação em 2011: a plataforma de Mexilhão, na Bacia de Santos, e a P-56, que começou a produzir em agosto no campo de Marlim Sul (Campos). De 2016 até 2020, a Petrobras prevê instalar mais 30 UEPs.
Sem falar nos testes de longa duração (TLD), implementados em número crescente no país, tornando-se uma prática da indústria brasileira que começa a ser olhada com mais atenção em outras partes do mundo. Afinal de contas, além de propiciar um volume maior de informações sobre o reservatório que vai ser explorado, gera recursos financeiros, mesmo que a produção dos TLDs seja limitada por diversos fatores, entre eles a queima do gás associado ao óleo, pois não há como escoá-lo para o continente.
Frota deve dobrar– Com respaldo nesses números, a Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (Abeam) mantém a expectativa de dobrar a atual frota de apoio marítimo, hoje pouco superior a 430 embarcações. Como explica o presidente da Abeam, Ronaldo Lima, atualmente há 121 empresas autorizadas pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) a atuar no país, das quais cerca de 50 operam efetivamente no apoio marítimo – 29 delas estão associadas à Abeam.
“Temos uma frota de 433 embarcações, das quais 176 de bandeira brasileira e 257 estrangeiras, mas acreditamos que, até 2020, essa frota alcance quase 700 unidades e que pelo menos 300 sejam de bandeira brasileira”, contabiliza o dirigente, lembrando que são gastos anualmente cerca de US$ 2,5 bilhões com afretamento. Essa expectativa é endossada pela Petrobras, prevendo a contratação, até 2020, de 568 barcos de apoio e embarcações especiais (usadas em operações de implantação de sistemas subsea, assim como em intervenções em poços) e 65 sondas de perfuração para lâminas d’água superiores a 2 mil metros de profundidade.
Há uma forte demanda por embarcações especiais, como os PLSVs e os MPSVs, para a implantação de diversos projetos programados para os próximos anos. Isso exigirá não apenas mais capacidade produtiva dos estaleiros, mas também a aquisição de projetos, especialmente no exterior, além de contar com instalações adequadas para a manutenção e reparo, com dique seco e equipamentos específicos.
“Faltam diques para realizar reparos e manutenção das embarcações de apoio”, diz Lima, agregando que já estaria sendo preparada uma licitação para esse tipo de embarcação para assegurar que uma parte delas seja construída no Brasil. O que pode motivar o aparelhamento e até mesmo a instalação de estaleiros de diferentes portes.
O gargalo da mão de obra – O maior problema, na visão de Ronaldo Lima, não é a construção dessas embarcações, uma vez que o parque produtivo vem se expandindo. “O maior déficit estará na mão de obra, principalmente de oficiais de marinha mercante: comandante e chefe de máquinas”, comentou. De acordo com dados da Abeam, o setor de apoio marítimo emprega, atualmente, 14 mil marítimos, dos quais cerca de quatro mil são oficiais de máquinas e náutica embarcados nos navios de apoio, plataformas e navios-sonda.
A Marinha, por meio da Diretoria de Portos e Costa (DPC), coordena as Escolas de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (EFOMM), mas não consegue abrir vagas com a mesma velocidade que o mercado vem demandando esses oficiais. No Brasil, há dois núcleos de formação de oficiais: o Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (Ciaga), no Rio de Janeiro, e o Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar (Ciaba), em Belém do Pará.
“Existe a necessidade urgente de equilibrar a oferta de oficiais, por meio da disponibilização de mais vagas para formação nas escolas e da flexibilização da RN nº 72 (Resolução Normativa) do MTE/CNIg”, pontua o dirigente da entidade. Segundo ele, deveria haver maior flexibilidade nessa resolução, permitindo a manutenção pelo menos dos oficiais estrangeiros que operam no país.
A imposição de oficiais brasileiros aperta o gargalo da mão de obra. De acordo com a Abeam, tendo em vista a complexidade dos trabalhos típicos da atividade de apoio marítimo e a carência de marítimos no mercado de trabalho, com especial ênfase nos oficiais, é necessário tomar uma série de medidas. As principais são ampliar a capacidade de formação de pessoal nos diversos níveis (novas instituições oferecendo a formação), incluir nos currículos matérias específicas do apoio marítimo (treinamento especializado para as embarcações mais sofisticadas – AHTS, PSV, RSV, PLSV), além de modernos simuladores para formar profissionais mais qualificados a operar essas embarcações.
Até mesmo porque a demanda por oficiais vem também da própria Transpetro, braço logístico da Petrobras, que em meados de fevereiro abriu um processo seletivo público para 322 oficiais da mercante – para admissão imediata e formação de cadastro de reserva.
Até o final do próximo ano, a Transpetro deverá absorver cerca de 1.700 marítimos de todas as categorias. Esses números podem crescer com o Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), que já encomendou 41 navios a estaleiros nacionais e tem outros oito em fase final de licitação. O primeiro navio do Promef, o Celso Furtado, construído pelo Estaleiro Mauá (RJ), já está em operação desde novembro de 2011. A estatal espera que os próximos sejam entregues nos prazos.
GARGALOS DE INFRAESTRUTURA DESAFIAM OS PROJETOS DO PRÉ-SAL
A infraestrutura de suporte às operações offshore, principalmente no desenvolvimento do pré-sal, representa um desafio adicional. Até 2016, está prevista a entrada em operação de alguns empreendimentos essenciais para impedir o colapso do sistema logístico do pré-sal, que hoje movimenta bases aeroportuárias em Cabo Frio-RJ e Jacarepaguá-RJ e Itanhaém-SP, além dos portos fluminenses do Rio de Janeiro e Macaé. Estão previstos pelo menos três novos aeroportos em municípios costeiros (Campos dos Goytacazes-RJ, Santos-SP e Itaguaí-SC) e dois novos portos (Ubu, no litoral norte do Espírito Santo, previsto para 2014; e Itaguaí, em 2016), além da expansão do porto de Santos, que deverá ser concluída até 2015.
Enquanto esses empreendimentos mobilizam empreiteiras e epecistas, além de fornecedores de bens e serviços que serão utilizados nessas obras de infraestrutura (e anabolizarão o Programa de Aceleração do Crescimento), a Petrobras, responsável pela maior parte da demanda nessas regiões, estuda formas de garantir o transporte seguro e eficaz de seus funcionários e de equipamentos para os próximos anos, quando o fluxo será ainda maior.
Hoje, a força de trabalho embarcada (funcionários da estatal e terceirizados) utiliza o meio de transporte aéreo, enquanto cargas e equipamentos seguem por navios. No entanto, as longas distâncias dos novos campos já impõem a necessidade de buscar outros meios ou soluções mediadoras, uma vez que, principalmente no transporte aéreo, há limites de autonomia de voo.
Um novo modelo logístico vem sendo desenhado pela Petrobras e parceiras, abrangendo desde a melhoria do chamado flotel (espécie de hotel flutuante, em operação na Bacia de Campos) e a aquisição de lanchas super-rápidas e embarcações especiais, com capacidade para 150 a 300 pessoas, com equipamentos para levar os passageiros em segurança até o deque da plataforma ou do flotel, até a instalação de hubs marítimos.
Assim como na aviação, esses hubs marítimos, verdadeiras ilhas artificiais, funcionariam como os postos avançados da infraestrutura logística offshore, para embarque e desembarque de passageiros (com heliponto e cais de atracamento). O novo modelo logístico abrange ainda embarcações que funcionarão como centrais de suprimento (de diesel, fluidos etc.).
Essas instalações ficariam mais próximas da costa, a meio caminho dos campos mais distantes, como Lula. Delas partiriam tanto barcos menores de apoio, para suprir as plataformas, como helicópteros de menor porte, para transporte de pessoas. Para tanto, os hubs deverão ter todas as condições necessárias para suportar um grande número de pousos e decolagens, abrigo para helicópteros quando não estiverem a serviço, alojamentos e áreas para armazenamento de carga seca, assim como tubulações e equipamentos de manutenção. Também funcionarão como um cais avançado para as embarcações necessárias para o abastecimento das unidades offshore e dos barcos de apoio.
O primeiro hub marítimo para atender o pré-sal estava previsto para 2014, sem local definido. Embora ainda não tenha apresentado o projeto desse primeiro hub, a Petrobras previa que ele dispusesse apenas de serviços de acomodação para passageiros e aeronaves impedidas de decolar por falta de condições mínimas meteorológicas, além de estrutura para atendimento médico e hangar para um helicóptero ambulância. Com diversos helipontos, além de funcionar como um ponto intermediário no transporte de passageiros para as plataformas, ele daria suporte à área de SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde), armazenando equipamentos de combate à poluição, para agilizar as operações de emergência.
Expansão necessária – Detentor da maior infraestrutura offshore do país, montada nas últimas quatro décadas para dar suporte às operações da Bacia de Campos, o Rio de Janeiro investe na expansão e melhoria de suas instalações. Tanto no que diz respeito aos estaleiros como na infraestrutura portuária e de serviços.
“O governo do Rio de Janeiro tem sido parceiro de todos os grandes empreendimentos que estão sendo estudados para os próximos anos no estado, e que atendem às demandas do considerável aumento da produção de petróleo por conta da exploração do pré-sal”, afirma Julio Bueno, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços (Sedeis). “Afinal, na costa fluminense estão cerca de 70% das reservas já identificadas do pré-sal, além de o Rio já ser responsável por 85% do petróleo produzido no país.”
Ele observa que o governo fluminense atua em investimentos diretos em logística – como nas obras para a construção do Arco Metropolitano – e também no aporte de recursos, dragagens, apoio nos licenciamentos ambientais, disponibilização de áreas, parceria na implementação de distritos industriais na retroárea portuária.
Entre os principais empreendimentos que darão apoio à operação do pré-sal, o titular da Sedeis destaca o terminal da Petrobras em Itaguaí, que receberá investimentos de R$ 8,5 bilhões, e o terminal Ponta Negra (TPN), a ser construído pela empresa paulista de engenharia DTA, com investimentos de R$ 5 bilhões. “Este projeto está na rota do Comperj e é focado principalmente no atendimento às parceiras da Petrobras no pré-sal”, acrescenta.
Outros projetos estratégicos são o Complexo Superporto do Açu, do grupo EBX, que vai contar com o porto da LLX e o estaleiro da OSX, com investimentos totais estimados em R$ 5,5 bilhões (apenas nos dois empreendimentos, sem considerar o distrito industrial do Açu) e o Terminal de Serviços e Logística da Barra do Furado (TSLBF), no Canal das Flechas, entre os municípios de Campos e Quissamã, no norte do estado, com investimentos estimados em R$ 450 milhões. “Vai ser o primeiro terminal destinado a reparos de embarcações”, lembra ele.
Ele cita ainda o Polo de Navipeças, em fase de finalização, e a ampliação do Aeroporto de Cabo Frio, em execução pela Petrobras, assim como o terminal da petroleira no Porto do Rio de Janeiro. “Também estão em andamento as obras do Arco Metropolitano e de adequação de rodovias, assim como demais itens sob responsabilidade do governo do estado no entorno das áreas de concentração produtiva”, pontua.
“A indústria naval está consolidada”, salienta Julio Bueno, lembrando que quatro novos estaleiros estão sendo construídos no estado: da Marinha, da OSX, o Aliança e o Inhaúma. “O Inhaúma, arrendado pela Petrobras, já tem em sua carteira de encomendas os quatro primeiros FPSOs que vão atuar nas áreas de cessão onerosa e serão responsáveis por produzir 600 mil barris por dia.”
São Paulo acelera – O estado de São Paulo, que será um dos principais beneficiados com o desenvolvimento do pré-sal, começa a acelerar os investimentos em infraestrutura para consolidar sua posição no setor de petróleo e gás, no qual nunca teve grande destaque em exploração e produção, mas brilha com o maior parque refinador do país – abriga a maior refinaria nacional, a Replan, em Paulínia-SP, que somente será desbancada quando o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) entrar em operação.
Além da expansão do Porto de Santos, um dos maiores da América Latina, o governo paulista firmou parcerias com a Petrobras e com a cadeia de fornecedores para consolidar essa infraestrutura. E está a caminho de ter a primeira base logística do pré-sal. Em fevereiro, a Secretaria Estadual de Energia, recriada em janeiro de 2011, assinou protocolo de intenções com a Saipem do Brasil, que iniciará a construção de base logística de dutos submarinos no Guarujá-SP, em área próxima da base aérea regional.
A empresa do grupo italiano ENI, com forte presença na Europa, África, Ásia Central, Oriente Médio e Sudeste Asiático, operando com óleo e gás em áreas remotas e águas profundas, tem um histórico de respeito no setor: já perfurou mais de 7.300 poços, instalou 2,3 milhões de estruturas metálicas no mar e lançou 27 mil km de dutos submarinos.
No Brasil há dez anos, vinha concentrando suas atividades no Rio de Janeiro, Vitória-ES, Catu-BA e Mossoró-RN, somando 400 funcionários. Esse número pode duplicar, pois, além da base logística para recebimento, estocagem e expedição de dutos submarinos que a Petrobras vai usar na Bacia de Santos, a Saipem pretende implantar um Centro de Tecnologia e Construção Offshore. O duplo empreendimento vai gerar 950 empregos diretos e quatro mil indiretos.
No total, a empresa pretende investir US$ 300 milhões nesses projetos, uma vez que a base, que ocupará uma área de 350 mil metros quadrados no complexo industrial naval do Guarujá, visa a atender a uma parte dos US$ 1,3 bilhão em contratos que a Saipem possui com a Petrobras, bem como futuros projetos. A previsão é ter tudo pronto até 2014, de olho na demanda aquecida por equipamentos submarinos. Com essa base, que a posiciona como o primeiro grande fornecedor da Petrobras para o pré-sal da Bacia de Santos a ingressar na região, a empresa italiana quer aumentar também o índice de nacionalização de seus produtos.
As novas instalações vão abrigar, logo na primeira etapa de implantação, que pode ser concluída até o final do ano, dois projetos em andamento, ambos para a Petrobras: um duto submarino para o campo de Cernambi, na Bacia de Santos, e o trunk line (duto que conecta a plataforma marítima à costa) de 380 km de extensão e 24 polegadas de diâmetro, ligando o campo de Lula à estação de Cabiúnas, no Rio.
Essa infraestrutura da Saipem de apoio ao pré-sal também se estende a São Sebastião-SP, próximo ao Guarujá: em área alugada perto do local, a empresa vai cuidar de outros empreendimentos da Petrobras, que tem em sua carteira o duto de Guará-Lula, de 18 polegadas e 30 km de extensão, e os risers da plataforma P-55, para o campo de Roncador, na Bacia de Campos.
Rio de Janeiro –“A logística será o grande gargalo dos próximos anos nas atividades offshore de exploração e produção de petróleo”, vaticinou Eduardo Paes Leme, CEO do grupo G-Comex, quando criou a empresa há nove anos com o intuito de aproveitar essa demanda aquecida. A visão do empresário se confirmou e hoje a G-Comex tem uma posição forte no setor, graças à sua infraestrutura de armazenagem e localização privilegiada: tem uma base operacional própria, com 20 mil m², adjacente ao porto do Rio de Janeiro.
“Temos mil metros quadrados de área coberta, com área segregada e licenciada para armazenagem de químicos. Contamos com toda infraestrutura, entre a retroárea e o porto. Ou seja, tudo que é necessário para dar o apoio logístico ao setor, desde equipamentos de içamento, guindaste, empilhadeira, até carretas etc.”, observa o empresário, acrescentando: “Oferecemos total apoio portuário, operamos em qualquer porto comercial com infraestrutura própria, atuamos com alto padrão de excelência em QSMS (qualidade, segurança, meio ambiente e saúde), exigência do mercado de óleo e gás.”
Os projetos desenvolvidos são eloquentes: para a Subsea 7, cuidou do carregamento de dois manifolds no navio Skandi Acergy, destinados ao campo de Tambaú, na Bacia de Santos – uma operação que envolveu mais de 300 pessoas – , sendo o operador nomeado para atividades portuárias no Rio de Janeiro.
Para a Petrobras, deu apoio logístico à reforma e manutenção da P-X; e, para a OSX, cuidou de toda a operação logística e portuária, incluindo recebimento, inspeção, armazenagem, guarda e controle dos materiais utilizados no FPSO OSX-1, que já está produzindo na Bacia de Campos. Entre os clientes atendidos estão ainda a Cepemar, Norskan, Baker Huges/ BJ Services, McDermott, Aker Solutions e Perenco.
Com um faturamento de R$ 30 milhões em 2011 e uma projeção de R$ 50 milhões para esse ano, a G-Comex já pensa na expansão. “Temos projeto de abrir bases similares à do Rio na Região Norte ou Nordeste”, diz Paes Leme, lembrando que a empresa tem um backlog de R$ 150 milhões com a Petrobras.
Uma empresa nova no setor, criada para atender aos desafios dessa logística marítima da indústria brasileira de óleo e gás é a Brasco Logística Offshore. “O mercado de apoio logístico está muito demandado e acreditamos que as perspectivas sejam muito positivas”, diz Renata Pereira, diretora da empresa que pertence ao grupo Wilson Sons.
“A Brasco vem investindo muito em tecnologia da informação para dar suporte às operações logísticas, capacitação de pessoal e ampliação da sua infraestrutura, de forma que mantenha a excelência em segurança e operacional”, afirma a executiva, comemorando os bons resultados obtidos em 2011. “As operações na Base de Niterói (que atendem Statoil, Chevron, Anadarko, entre outras), em Salvador (Statoil), em São Luís (Petrobras e OGX) e no Porto do Rio (Petrobras) colaboraram para o bom desempenho do ano passado, quando fomos reconhecidos como excelentes pelo Boletim de Avaliação de Desempenho da estatal”, disse.
Além desse desempenho, a empresa também consolidou alguns marcos, como a atracação do Skandi Salvador em Niterói, um navio de construção submarina de 106 metros de LOA. “A atracação de popa no cais três viabilizará a atracação de dois barcos. E a aplicação de TI de ponta na gestão de materiais e controle de inventário também foi algo inédito na indústria offshore”, afiança Renata Pereira.
Razões pelas quais a empresa também dá passos rumo à expansão de suas atividades, com o início da negociação para aquisição de uma nova base, no Rio de Janeiro, que tem previsão para entrar em operação ainda este ano. A companhia, que tem experiência consolidada em montar bases temporárias onde o cliente precisar, possui hoje uma base em Niterói, na Ilha da Conceição, que compõe o Sistema Niterói junto com a unidade de Guaxindiba. A nova base fluminense será criada com a aquisição da antiga Briclog. Toda essa infraestrutura contará ainda com uma unidade no Caju, que funcionará como retroárea.
Transportar milhares de pessoas diariamente para postos de trabalho avançados no mar é o grande desafio das petroleiras com operações offshore em águas profundas. Na costa brasileira, o maior fluxo de passageiros embarcados se concentra no Norte Fluminense.
Com pouco menos que 70 plataformas em operação nessa bacia, somente a Petrobras responde pelo fluxo de algo em torno de 45 mil passageiros por mês. Segundo dados da estatal, no final do ano passado a frota somava 94 helicópteros contratados e o movimento diário era de 150 voos por dia, partindo dos aeroportos da região – Macaé, Campos dos Goytacazes e Cabo Frio.
O aeroporto de Macaé é a maior base de apoio à exploração de petróleo, com a média de 400 mil passageiros ao ano e mais de 60 mil pousos e decolagens de aviões (táxi-aéreo e duas companhias aéreas, Team e Trip). A quase totalidade dessa movimentação está relacionada às atividades petrolíferas.
Depois da modernização do Aeroporto Internacional de Cabo Frio, que hoje dispõe de infraestrutura para recebimento de cargas nacionais e internacionais nos modais aéreo, terrestre e marítimo, além do terminal de passageiros, está programada a construção de novo aeroporto no Farol de São Tomé, na região de Campos.
Para atender as operações da Bacia de Santos, a estatal utiliza os aeroportos de Jacarepaguá, na cidade do Rio de Janeiro, e de Itanhaém-SP. Como as distâncias percorridas são praticamente o dobro da média da Bacia de Campos, não bastam apenas investimentos na infraestrutura. São necessários também helicópteros maiores, tanto em capacidade de passageiros como em autonomia de voo.
O relatório final de atividades da Comissão Especial de Petróleo e Gás Natural (Cespeg), que mobilizou nove grupos de trabalho entre 2008 e 2010, avaliou que a infraestrutura aeroportuária no litoral paulista atendia às demandas da região “quanto ao número de voos e de passageiros registrados nos últimos anos”, destacando os investimentos efetuados em meados da década passada, que somaram R$ 5,5 milhões.
Por conta do incremento das operações de apoio às atividades em áreas de pré-sal, a movimentação de passageiros praticamente quadruplicou, passando de 4.183, em 2006, para 18.210, em 2010, ainda que não houvesse voos regionais, que podem surgir nos próximos anos.
Para atender os empreendimentos dos próximos anos, avaliase que essa infraestrutura aeroportuária paulista possa ser reforçada, uma vez que já dispõe de uma Base Aérea, no Guarujá, que, no momento, atende às demandas da Força Aérea Brasileira. Para isso seria necessária uma reconfiguração da Base Aérea de Santos, para realizar operações aéreas de suporte à exploração e à produção de petróleo.
Há outros dois aeroportos, estaduais, de uso possível: um em Ubatuba (pista com 940 metros de extensão e 30 metros de largura) e outro em Registro (pista com 1.500 metros de extensão e 30 metros de largura). Um quarto aeroporto, privado, poderá ser implantado no município da Praia Grande-SP, com foco no transporte de cargas e passageiros.
Fonte: http://www.petroleoenergia.com.br
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