A Halliburton irá desfazer-se de várias operações para tentar superar
as prováveis objeções das autoridades reguladoras a seu acordo para
comprar por US$ 38 bilhões a prestadora concorrente de serviços
petrolíferos Baker Hughes.
A preocupação dos investidores de que as autoridades reguladoras
possam considerar a aquisição prejudicial à concorrência no setor e a
multa de US$ 3,5 bilhões no caso de veto à compra da Baker Hughes
levaram as ações da Halliburton a cair 9,4% nas negociações em Nova
York, ontem à tarde.
O acordo de aquisição, a ser pago em ações e dinheiro, seguiu-se a um
mês de negociações aguerridas entre os líderes das duas empresas, nas
quais a Halliburton se preparava para lançar uma oferta hostil e a Baker
Hughes reclamava de ser pressionada a aceitar o acordo apressadamente.
Os executivos-chefes das duas empresas encontraram-se no Texas no
sábado e concordaram em um preço cerca de 40% maior que o das ações da
Baker Hughes antes da proposta inicial da Halliburton, em 13 de outubro.
A Halliburton é a segunda maior prestadora de serviços petrolíferos
do mundo e a Baker Hughes é a terceira. A participação combinada das
duas no mercado mundial em determinados serviços e produtos superaria os
40%. As duas empresas destacaram estar muito confiantes de poder
atender qualquer exigência que as autoridades de concorrência venham a
impor e estar preparadas para vende operações com receitas de até US$
7,5 bilhões - cerca de um terço das vendas da Baker Hughes - caso
necessário. A multa em caso de veto ao acordo é sinal da confiança da
Halliburton em poder convencer as autoridades reguladoras.
"Estamos preparados para realizar algumas vendas para conseguir a
aprovação antitruste", disse o executivo-chefe da Halliburton, Dave
Lesar. "Minha caixa de entrada de e-mails ficou cheia nesta manhã
[ontem], com pessoas querendo comprar partes dessas operações. Temos
confiança de que haverá compradores."
A Halliburton e a Baker Hughes combinadas teriam participação de
mercado mundial de 37% no segmento de faturamento hidráulico, de 41% no
de brocas para perfurações e de 49% no de serviços para cimentar poços
petrolíferos, segundo a firma de análises Spears & Associates.
O analista Rob Desai, da Edward Jones, disse que o acordo ainda seria
conveniente para a Halliburton mesmo se precisar vender operações
expressivas, mas acrescentou que há incertezas sobre as aprovações das
autoridades reguladoras.
"A questão realmente se resume ao Departamento de Justiça [dos EUA],
como vai identificar os ativos e o que a Halliburton vai acabar tendo de
vender", disse.
O valor das ações, ontem, indicava ceticismo de que o acordo poderá
prosseguir como planejado. A oferta consiste em 1,12 ação da Halliburton
mais US$ 19 em dinheiro por ação da Baker Hughes. O valor equivale a
US$ 74,94 por ação da Baker Hughes, pela cotação de ontem. Nas
negociações à tarde, as ações estavam cotadas a US$ 66,33. As ações da
Halliburton recuavam 9,4%, para US$ 49,72.
Lesar disse que uma das atrações do acordo era a capacidade da Baker
Hughes em áreas nas quais a Halliburton é relativamente fraca, como a de
produção química e a de bombas usadas para aumentar a recuperação de
petróleo dos poços.
Essas atividades se tornaram importantes em meio à onda de expansão
do gás de xisto, que levou a um aumento na produção ao possibilitar a
extração de petróleo e outros líquidos de reservas antes consideradas
inacessíveis.
A Halliburton estava em busca de algum acordo para reduzir a
diferença de tamanho em relação à Schlumberger, maior grupo de serviços
petrolíferos do mundo. Em 2005, já havia tentando negociar um acordo com
a Baker Hughes. O valor de mercado da Schlumberger gira em torno a US$
122 bilhões, em comparação ao de US$ 46 bilhões da Halliburton.
Lesar disse que ganhar mais escala ajudaria a Halliburton a concorrer
em mercados fora dos Estados Unidos, onde fica para trás em relação à
Schlumberger. "Você pode espalhar seus custos fixos e oferecer mais
serviços e linhas de produtos, de forma a que se tenha uma oferta mais
atraente para os clientes."
As duas empresas justificaram o grande prêmio da oferta dizendo que
podem obter economias de até US$ 2 bilhões por ano com cortes de custos,
como com a aplicação dos programas de eficiência da Halliburton às
operações da Baker Hughes na América do Norte, que vem tendo margens de
lucro mais baixas, e com a redução da duplicação em áreas como a de
imóveis.
Comunicado Oficial
Fonte: http://geofisicabrasil.com
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